A Noiva

Por André Roedel

Como já escrevi em outras oportunidades aqui, o terror vem sendo resgatado e ganhando grande fôlego na indústria cinematográfica. Os últimos sucessos de bilheteria são do gênero. Por isso, é comum ver nos cinemas um novo filme do tipo todos os meses em exibição. Como é o caso de A Noiva, produção russa trazida ao país pela Paris Filmes.

Só que não se deixe enganar pela divulgação legal, pela produção até que bem-feita e pelo histórico das obras recentes do gênero: trata-se de uma grande bomba. O filme é pavoroso, mas não no que seria o bom sentido para um longa-metragem de terror. Ele é pobre artisticamente, tem um elenco sofrível e um roteiro bagunçado demais. O resultado não podia ser pior.

O filme mostra a jovem Nastya (Victoria Agalakova) viajando com seu noivo Vanya (Vyacheslav Chepurchenko) para a casa da família dele, no interior da Rússia. Lá, a moça começa a perceber que se trata de uma família estranha, com tradições ainda mais estranhas – incluindo um ritual em que a alma da matriarca da amaldiçoada família de Vanya passa para o corpo da noiva.

A premissa é boa. Tem elementos de diversas grandes obras do terror e poderia ser melhor desenvolvido. Mas o resultado é uma produção mais fraca que um telefilme. O diretor Svyatoslav Podgayevskiy parece um amador. Todos os seus planos são simples, não há nada de mais ousado. Ele faz o “arroz com feijão”, só que ruim. A trilha sonora também é bizarra, deslocada com as cenas e muito padrão. Parece que o estúdio responsável tinha acesso somente a um banco de dados de trilhas e teve que usar aquilo mesmo.

Enfim, é um filme que beira o amadorismo. Tem cenas que assustam? Até que sim. Mas qualquer pequeno ponto positivo de A Noiva vai por água abaixo por conta da interminável lista de falhas que o longa-metragem tem. Para piorar, é um filme que atrai o pior tipo de público a uma sala de cinema: o estridente, que grita com qualquer tentativa de susto.

E aqui eu me permito a fugir um pouco de escrever sobre o filme – que também não tem muito mais sobre o que se falar – para fazer uma crítica a esse tipo de comportamento nos cinemas. Uma sala de projeção é um local em que diversas pessoas vão para assistir a um filme. E isso demanda uma certa concentração. Por mais que o filme seja ruim ou dispensável, é um momento que requer respeito.

Na sessão desta semana, por exemplo, muitas pessoas não paravam de falar durante a exibição. Isso incomoda um bocado. Não estou repreendendo quem gargalha numa comédia ou quem dá um grito num filme de terror, apenas apontando que há certas atitudes que não condizem com uma sala de cinema. Mas isso infelizmente é um reflexo da nossa educação e também da “qualidade” dos filmes em cartaz – como esse horrível A Noiva.

 

Nota:

 

 

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