A vez do lettering

Por Beatriz Pires

A escrita foi desenvolvida há muitos anos como uma maneira de registrar e exprimir as ideias humanas a partir de símbolos. No entanto, muitas coisas mudaram de lá para cá no jeito de se comunicar através desses símbolos. Uma delas é o meio em que escrevemos atualmente: utilizamos muito mais os teclados dos computadores e celulares do que outros materiais como o lápis, o giz e a caneta.

Ainda assim muitas pessoas têm se reinventado e utilizado novas maneiras de escrever, não apenas como um modo de comunicação, mas também como arte. “O lettering é o desenho das letras, e não sua escrita, embora use como base os conceitos da caligrafia. É a combinação de formas de letras e desenhos criados e ordenados com um único uso e propósito, um desenho das letras através de múltiplos traços”, explica a administradora e artista Raquel Monte.

O lettering (letter, do latim litera, que significa letra do alfabeto + ing, do inglês, que indica ação), ou em português letrismo, é uma maneira de escrita muito relacionada ao desenvolvimento de logotipos e frases decorativas, que são feitas em paredes, painéis, vidros e placas. “O lettering pode ser dividido em tipos. Analógico: inteiramente feito à mão; layoutado: parcialmente feito à mão, utilizando algumas ferramentas digitais, e digital: pode ser feito manual ou não, mas é finalizado digitalmente”, descreve.

O trabalho com o lettering
A artista relata que decidiu investir nesse novo estilo há três anos. “Eu sempre achei uma arte bacana, mesmo quando não fazia ideia do que era lettering. Quando montei a empresa de decoração de festa, comecei a procurar cursos para aprender como fazer esta arte em painéis”, afirma.

Apesar da empolgação com a ideia, Raquel conta que não foi nada fácil no início. “Foi bem difícil, há três anos não se encontravam opções de curso em São Paulo e praticamente nenhum material digital que pudesse ensinar por onde começar”. Assim que soube de uma oportunidade de curso, Raquel logo se inscreveu e se apaixonou de vez pela técnica. “Depois disso não parei mais e descobri que o lettering não se limita somente aos painéis para festas, são milhares de possibilidades, estilos e técnicas. Fiz mais três cursos e com cada um deles aprendi ainda mais e fui aperfeiçoando minha arte e criando meu próprio estilo”, explica.

O estilo de lettering utilizado pela artista é o analógico. “Meus trabalhos são feitos 100% à mão, começando pela criação de sketches (rascunhos), passando por refinamentos e então finalizado com a aprovação do cliente”, diz. “Depois desta etapa, por meio de várias técnicas,
faço a reprodução ampliada ou não na superfície definida no projeto (painéis, paredes, vidros, peças etc)”.

Por existir a possibilidade de diversos tipos de criações e em diversos lugares e espaços, o tempo para a confecção e finalização varia de trabalho para trabalho. “O tempo é muito particular de cada projeto. O que toma maior tempo do projeto não é sua execução na superfície contratada, e sim o processo criativo, quando monto o layout com base no briefing [conjunto de ideias, informações] feito com o
cliente”.

A arte da versatilidade
O lettering tem conquistado quem ama novidade, modernidade e um estilo mais descontraído e descolado de decoração. “O lettering tem sido muito utilizado em bares, restaurantes, barbearias para trazer um ambiente moderno e agradável, onde as palavras desenhadas traduzem expressão”, enfatiza.

Além desses lugares, a arte tem feito parte de outros tipos de decoração. “Também muito utilizado em festas e casamento, onde trazem um ar mais rústico e moderno que está super em alta”, diz. Mas não para por aí: a técnica também é muito bem-vinda em casa. “O lettering feito em
casa, principalmente na área gourmet, deixa o ambiente cheio de personalidade e aconchego. Ainda podemos utilizar o lettering em peças decorativas, taças, quadros, plaquinhas… uma infinidade de possibilidades”, finaliza.