Alita: Anjo de Combate

Por André Roedel

Nova produção do grande James Cameron (que também assina o roteiro, juntamente com sua parceira de Avatar Laeta Kalogridis), Alita: Anjo de Combate estreou despercebido nos cinemas. O filme, adaptação de um mangá (aquelas histórias em quadrinhos japonesas), recebeu antes mesmo de chegar às telonas o selo de “fracasso do ano”. Porém, felizmente, o longa supera qualquer previsão e é muito empolgante, sendo um perfeito início para uma franquia – espero – de sucesso.

Com direção de Robert Rodriguez (de Pequenos Espiões e Machete), o filme é uma adaptação perfeita do quadrinho original. Toma uma ou outra liberdade criativa que é sempre necessária na transposição de uma mídia para outra, tão somente. Isso ocorre porque quem está por trás da produção, no caso Cameron, é fã de verdade da obra e entende a necessidade de se respeitar a fonte – e também para não fracassar como o Death Note da Netflix e recente Vigilante do Amanhã.

No filme, que se passa no futuro, Alita (interpretada pela boa Rosa Salazar, que é recriada digitalmente com olhos expressivos) é uma ciborgue encontrada no lixão pelo Dr. Dyson Ido (o vencedor do Oscar Christoph Waltz). Ele passa a criar a jovem meio-

humana/meio-máquina como sua filha, ajudando ela a encontrar suas memórias perdidas. Em meio a isso, Alita encontra um interesse amoroso e também passa a atuar como caçadora de recompensas, enquanto a dupla Chiren e Vector (personagens vividos por Jennifer Connelly e Mahershala Ali, respectivamente) tenta capturá-la.

Uma coisa que salta aos olhos de quem assiste a Alita: Anjo de Combate é, invariavelmente, o espetáculo visual, com doses certas do estilo cyberpunk. O filme pode parecer genérico no começo, mas aos poucos vai se revelando competente em tudo que se propõe. Os personagens são cativantes, as cenas de lutas são muito bem executadas e o roteiro ajuda a construir uma trama interessante para o espectador.

Até mesmo quem não é vidrado nesses lances de mangás e coisas do gênero se empolga com Alita, que tem a competência de acertar todos os públicos. Extremamente efetivo, o filme só não é mais porque ainda esbarra em estruturas convencionais de trama – a jornada do herói é explorada como sempre, sem grandes novidades – e por ser um projeto que demorou para sair do papel – o quadrinho original é de 1991 e James Cameron ensaia seu lançamento há anos.

Mas, no geral, Alita tem muito mais acertos que erros e pode ser – nessa crise criativa de Hollywood, que não sabe mais onde buscar novidades – o primeiro filme de uma saga de sucesso, tanto de crítica quanto de público. Vale o ingresso!

Nota: 4 estrelas