Alterações no calendário escolar da rede estadual de ensino dividem opiniões

Beatriz Pires

Saída da escola “Rogério Lázaro Toccheton”: a partir de 2020, estudantes sairão mais tarde

O governador do Estado de São Paulo João Doria anunciou, nas últimas semanas, alterações no calendário escolar da rede pública estadual. Agora, os alunos passarão a ter quatro períodos de férias por ano, uma aula a mais com um aumento na carga horária de 15 minutos por dia e novas disciplinas. No entanto, a implementação das férias em quatro períodos poderão ser adotadas ou não pelas cidades para a rede municipal.

O secretário de Educação de Itu Walmir Scaravelli afirma que o intuito do município é alinhar o cronograma com o Estado, porém a proposta ainda está sendo estudada. “A gente gosta muito de seguir o calendário estadual. Para nós é muito interessante porque, a partir do momento que você tem um calendário único, você alinha mais aquela família que tem um filho no estado, um filho no município”, explica.

Sobre as alterações, o secretário declara que a ideia pareceu “interessante” e que a impressão é de que as mudanças serão positivas. “Na verdade, o fato é que já existiam dois breaks (pausas) em cada semestre. Não era oficial, mas já existia um pouco esses quatro períodos com as chamadas ‘semana do saco cheio’. Eu acho que o que o governador fez foi só oficializar algo que de alguma maneira já era feito”, pontua.

Quanto à efetividade pedagógica, Scaravelli acredita que não haverá problemas. “Não vou nem dizer que vai ser mais fácil nem mais difícil porque você tendo os mesmos 200 dias letivos, isso não altera em nada o volume de aulas”.

Para a codeputada estadual pela “Bancada Ativista” Mônica Seixas (PSOL), a proposta precisa ser consultada pela “ponta” e é necessário negociações com as demais redes de ensino. “Com a alteração do calendário sem diálogo com as redes municipais (que detém a maior parcela da educação infantil e fundamental) e com a rede particular, famílias e professores que estão em mais que uma rede vão sofrer bastante”, aponta.

Apesar de avaliar que para a maioria das mães duas longas férias por ano podem ser um problema, já que os adultos não têm esse mesmo cronograma e seria mais fácil de se organizar com poucos dias por período, a deputada afirma que outras dificuldades serão geradas. “Uma mãe de crianças de idades diferentes agora vai ter que se preocupar com muito mais períodos de férias dos filhos e os professores perdem dias de férias já que possivelmente estarão em outras redes dando aula”, declara.

De acordo com a parlamentar, distribuir as férias não é a solução definitiva e é necessário “ofertar políticas de cuidados e atividades complementares nas férias com outros profissionais”.

Opinião dos pais
As alterações têm dividido a opinião dos pais. Para Viviane dos Reis, mãe de uma aluna do ensino fundamental II da Escola Estadual “Rogério Lázaro Toccheton”, a divisão das férias é “estranha”. “Seria um problema ter uma semana de férias no meio do ano porque acho que as crianças iam meio que perder o ritmo de aula, acho bagunçado”. Além disso, Viviane acredita que não haja motivo para a mudança. “Tem tanta coisa para se mexer, para se ver na educação, e ele (Doria) está preocupado com isso”. Em relação aos 15 minutos a mais, a mãe é favorável. “Se for para as crianças aprenderem um pouco mais tudo bem, legal, não acho ruim”.

Já para Elaine Rocha dos Santos, as duas alterações são positivas. “Eu concordo com todas as mudanças, até com as férias. Nesse meio tempo, todos já estão cansados e estressados, porque esse primeiro bimestre é puxado. Então essa semana ajudaria. Os 15 minutos a mais de aula eu concordo também porque no fundamental II e médio são 15 minutos só para fazer a chamada, então necessitam desse período”. A filha, Julia Rocha Nogueira, de 11 anos, não concorda com a opinião da mãe. “Eu acho ruim, já está bom assim, já é bastante tempo na sala de aula”.

Já para Givanildo Vagnes, os 15 minutos a mais de aula não são positivos para os alunos que estudam no período vespertino. “Escurece muito cedo, 18h10 já está escuro, não concordo”. No entanto, Givanildo é a favor da divisão do período de férias. “Quanto mais eles estudarem, mais eles aprendem”.