APAE de Itu pede socorro urgente para não fechar

Desde o ano de 2015, a crise econômica atingiu o Brasil de uma forma muito impactante e, com isso, diversos setores do país sentiram o reflexo desse problema, que persiste até o momento. Inseridas neste contexto estão as instituições filantrópicas, como a APAE de Itu (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), que depende de doações e apoios frequentes para seguir em sua missão assistencial.

Atual vice-presidente da entidade, Erivam Boff explica que a APAE, que atualmente conta com 58 funcionários registrados, possui um déficit mensal de R$ 84 mil e que os auxílios recebidos não vem sendo o suficiente. “Temos uma receita de R$ 170 mil por mês e ainda temos de colocar R$ 80 mil. Os associados nos ajudam bastante, mas não é o suficiente. Deles, arrecadamos por mês R$ 48 mil”, conta. O valor é o mesmo desde 2014. “O número de associados é de aproximadamente 3 mil em uma cidade com 160 mil habitantes. Imagina se pudéssemos ter R$ 10 mensais de mais 20 mil pessoas, teríamos uma receita adicional de R$ 200 mil”.

Para que a entidade pudesse se manter durante este ano, Erivam comenta que foram realizados empréstimos junto a instituições financeiras, o que fez a APAE acumular uma dívida de R$ 550 mil. “Conseguimos parcelar em 36 vezes de R$ 20 mil. Acabou virando uma bola de neve. Não temos mais de onde tirar dinheiro para manter a entidade”, afirma.

Demonstrando extrema preocupação, Boff afirma que hoje a instituição não possui verba para pagar o 13º de seus funcionários, bem como o salário normal. “Na realidade não estamos com dinheiro nem para demitir funcionário. Para se ter uma ideia, esses empréstimos foram feitos para que fossem honradas as folhas de pagamento”.

O dirigente, em tom de tristeza, afirma que sem a ajuda da sociedade e das empresas, a APAE de Itu, que completa em dezembro 50 anos de existência, pode ter sua trajetória interrompida em breve. “Se essa situação for mantida, em janeiro seremos obrigados a deixarmos de prestar nossos serviços. Do jeito que está, não teremos mais o que fazer”.

 

Novo prédio

A nova sede da APAE, inaugurada este ano, foi idealizada por um grupo de voluntários em 2008, com ajuda financeira muito alta no início da primeira fase do projeto. “Por conta da crise financeira e pela redução das doações, paralisamos a obra entre 2011 e 2014”, explica o vice-presidente.

As obras foram retomadas e a inauguração ocorreu em julho último, porém isso fez com que a situação financeira da APAE se agravasse. “Durante o final da construção do imóvel, apesar de muita ajuda, tivemos vários imprevistos, como doações previstas e não efetivadas de valores importantes e ainda por cima a depreciação da antiga sede”, conta.

“Conseguimos por meio de emendas de diversos parlamentares, doações de empresas e do Rotary Internacional mobiliar todas as salas com o que existe de mais moderno em equipamentos e móveis, sem custo para a APAE, mas não conseguimos recursos financeiros para custeio ou pagamento de mão de obra dos funcionários da APAE ao longo destes anos”, prossegue o dirigente.

 

Ajuda pública

Erivam comenta ainda que, no início desta semana, participou de uma reunião com o prefeito Guilherme Gazzola (PTB), onde o chefe do executivo prometeu estudar uma maneira de auxiliar a APAE. Hoje a Prefeitura repassa R$ 20 mil por mês para a entidade. “Mas sabemos das dificuldades da Prefeitura, sozinhos não vão resolver o problema e ainda tem todo o trâmite burocrático a ser superado”. O vice-presidente ainda esteve em contato com vereadores e deputados federais e estaduais, explicando a situação e solicitando verbas.

Erivam frisa que todo o atendimento oferecido pela APAE é gratuito, incluindo o transporte – que seria obrigação do Estado, mas feito pela própria entidade com custo mensal de R$ 17 mil. “Para cada um dos três ônibus são necessários um motorista e um monitor para apoio aos alunos”, informa o vice-presidente.

 

Nota Fiscal Paulista

Outra fonte de recursos para a APAE que tem secado é a Nota Fiscal Paulista. “Temos tido perdas no repasse do programa. Chegamos a receber em 2015 R$ 183 mil, em 2016 R$ 124 mil e em 2017, até setembro, apenas R$ 87 mil. E isto vai ficar pior ainda com a nova metodologia da nota fiscal paulista que entra em vigor a partir janeiro de 2018”, conta.

O novo método muda a forma de destinação. “O contribuinte terá que pegar a nota, se cadastrar em um site, criar uma senha, depois baixar um aplicativo e, na sequência, digitar o seu cupom fiscal. Imagina quantas pessoas vão deixar de destinar a sua nota fiscal, pois quantos milhões não têm acesso ou não sabem usar um aplicativo. Imaginamos uma queda de mais de 80% no repasse para nossa entidade nestes recursos”, continua Erivam.

 

Fim de um mito

Boff faz questão de esclarecer um “mito” criado sobre a APAE: o de que a entidade é rica. “É importante que se diga e que se saiba que a APAE nunca teve dinheiro esbanjado. As festas que são realizadas são para arrecadar fundos, justamente para procurarmos mantê-la. Precisamos demais do auxílio de toda a sociedade. As verbas que recebemos do governo estadual não sofrem reajustes, estão congeladas há anos, enquanto nossos gastos crescem”.

Sobre as verbas, o vice-presidente explica. “Os repasses dos governos federais, estaduais e municipais são os mesmos desde 2014. O custo de cada aluno por mês é de aproximadamente R$ 1.100, a verba total recebida é de R$ 280 por mês, portanto um déficit de R$ 820 por aluno”, relata.

Questionado a respeito do impacto que um possível encerramento das atividades poderá causar na cidade, Erivam afirma: “Seria uma enorme perda para toda a sociedade, pois a rede municipal e estadual não está preparada para receber essa demanda de alunos, que precisam de um atendimento adequado, diferenciado”.

“Temos capacidade técnica, profissionais do mais alto nível de especialização e podemos atender mais alunos que não conseguem colocação na rede de ensino regular, mas sem recursos financeiros para manter a escola não iremos muito longe”, relata Erivam.

Como ajudar

Para a APAE manter seu funcionamento, os interessados podem contribuir com o telemarketing, tornando-se sócio ou repassando parte de seu imposto de renda. Para saber mais, entre em contato através dos telefones (11) 4022-4604 ou (11) 4023-0412 (das 8h às 17h) ou pelo e-mail apaeitu@uol.com.br. A entidade está localizada na Avenida Daniel Ratti, 253, Granjas Bela Vista. Também é possível ajudar realizando o pagamento de contas ou fazendo jogos na Lotérica da APAE, que fica na Rua Joaquim Borges, 712, Vila Nova. “Precisamos do apoio de todos os ituanos de bem”, finaliza o vice-presidente. (André Roedel e Daniel Nápoli)

3 comentários em “APAE de Itu pede socorro urgente para não fechar

  • 04/11/2017 em 14:25
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    Pega o dinheiro que os prefeitos safado, ladrões, anticristos, que a nossa cidade tem e teve por esses anos e doa, apenas uma pequena parte do que eles roubaram já resolveria o problema, valeu Herculano, Tuize, Rita Passos, Gaza olá por toda essa merda que vocês estão fazendo pela cidade, mas o inferno espera vocês, e ai povo Ituano quando vamos reagir, vamos ficar quietos?
    Vamos fazer da vida desses políticos um inferno, assim como fazem das nossas, vamos ameaçá-los, chega de sermos trouxas, lembram da falta de água ou já esqueceram? Chega, se tiver que derramar sangue, vamos derramar.
    ANTES MORRER EM PÉ, DO QUE VIVER DE JOELHOS.

  • 04/11/2017 em 16:26
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    metodologia da nota fiscal paulista que entra em vigor a partir janeiro de 2018. Pessoal do ti do governo, são incrédulo, é só repassar a API e regras pra todos estabelecimentos que, ao efetuar uma compra, por exemplo, num supermercado da cidade, e ao invés de você informar seu CPF ou CNPJ, informe o nome da instituição, exemplo APAE X.
    ISSO GARANTE IR DIRETO, imputando os dados e sendo impresso em seu cupom.

  • 05/11/2017 em 07:14
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    Eu gostaria de saber que o super cap. Não ajudou nenhum centavo fala verdade . isso é que a diretoria do apae que comentou para um visitante . É verdade ou não
    Ou é mentira do pessoal do super Cap

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