Após reclamações sobre falta d’água, CIS descarta racionamento

Daniel Nápoli

Mombaça, que tem garantido segurança hídrica, com mais de 280 litros de água por segundo na estação do Rancho Grande Foto: Divulgação/CIS

Nesta semana, o Periscópio tem recebido diversas reclamações a respeito de falta de água em diferentes pontos da cidade, como na região do Pirapitingui, Vila Progresso e Portal da Vila Rica, entre outros. Moradora do bairro Penha de França (região do Pirapitingui), a operadora de telemarketing Letícia Souza, de 27 anos, comenta que está sem água em sua residência desde o último sábado (02).

“A caixa d’água já esvaziou. A situação está terrível, tenho duas crianças pequenas (uma menina de 4 anos e um bebê de 3 meses). Até o momento não vi um caminhão-pipa da CIS – Companhia Ituana de Saneamento – passar por aqui”. Letícia prossegue. “Estamos tendo que pegar água na casa de parentes. Anunciaram um rodízio aqui para a região, mas ao invés de um dia sim, um dia não, estamos todos os dias sem água. Queremos uma solução”.

Residente no bairro Vila Progresso, Elisa Carla Siqueira Lima, de 44 anos, também alega estar sem água desde o dia 2 de novembro. “Com todo esse calor está bem complicado. Estamos pegando água na casa de familiares. Entramos em contato com a CIS, que alega o alto consumo e a falta de pressão para a água chegar até nossas casas. Só peço que esse problema seja solucionado, a situação está horrível”, reforça.

Obras e alto consumo
A reportagem do JP esteve em contato com a CIS, que por meio de seu superintendente Vincent Menu, primeiramente explica a situação de desabastecimento da região do Pirapitingui. “A gente está tendo uma situação muito específica no Pirapitingui nessa obra (conclusão do Sistema Pirajibu), que a gente começou em outubro. O objetivo dessa obra é uma nova captação de água para atender aquela região. Por conta dessas obras, a gente teve que reduzir momentaneamente a vazão da estação de tratamento e a gente teve a obrigação de implementar um rodízio de abastecimento”.

Vincent continua. “As pessoas estavam se adaptando bem ao rodízio, mas como o calor aumentou muito, aumentou também o consumo e aí nas ruas que ficam mais altas no setor de distribuição, tivemos alguns desabastecimentos, e para suprir isso a gente implantou um sistema de abastecimento por caminhão-pipa”.

O superintendente lamenta o período em que as obras estão sendo realizadas, porém reforça a necessidade da mesma. “A gente tinha essa obra contratada desde o mês de março, mas ela está sendo executada com recurso disponibilizado pelo Governo do Estado e, apesar de a gente já estar com aquela obra contratada, demorou seis meses para o Governo liberar o recurso e logo que liberou para o início de outubro, a gente já lançou ordem de serviço e iniciou essa obra em 20 de outubro”.

De acordo com Menu, a época ideal para a obra seria no inverno, período em que o consumo de água é mais baixo e assim ocorreriam menos transtornos. “Tivemos que fazer obra, pois senão a gente iria perder o contrato, o período de recurso. Não fizemos em um melhor momento por questões de disponibilidade de recurso”.

Sobre outros pontos da cidade, a respeito da falta de água, ele explica. “Nas últimas semanas atingimos grandes picos no consumo de água – aumento de 30% – que causaram intermitências no abastecimento em bairros da região central. Ainda tivemos problemas durante a madrugada do dia 6 por conta das constantes quedas de energia. Montamos uma lista com ruas sem abastecimento e executamos um plano de ação. Vila Rica foi normalizado e Progresso deve ser normalizado ainda hoje (quarta-feira, dia 6)”.

Floriano Peixoto
O JP também recebeu reclamações dando conta das obras nas redes de água e esgoto na Rua Floriano Peixoto. Reclamantes alegam que o período do ano gera grande transtorno com as intervenções, uma vez que se trata de período em que a população começa a se dirigir aos comércios em maior volume.

Sobre os questionamentos, Vincent responde. “É a principal rua de comércio da cidade no Centro, nunca iria ter uma hora boa  para se fazer essa obra. Tendo esse projeto de fazer o recape, refazer as calçadas da Floriano Peixoto (a partir de janeiro, por parte da Prefeitura), se a gente não fizesse agora as redes de água e esgoto, teria que ficar mais 10 anos sem mexer em nada ali embaixo”.

O superintendente reforça. “A gente achou que era agora ou nunca a oportunidade de mexer. A gente tem um planejamento de obra por quadra, então não é toda a rua que está sendo afetada ao mesmo tempo. O mês de dezembro a gente sabe que é sagrado para os comércios, então não vai ter transtorno, não vai ter obra neste período e vamos fazer no máximo até o dia 30 de novembro. A previsão é fazermos as obras até a Praça do Carmo (esquina com a Rua Maestro Elias Lobo)”.

Descarte de racionamento
Cidades vizinhas como Salto e Sorocaba, recentemente, passaram a adotar o racionamento de água. O Periscópio, ainda em conversa com Vincent Menu questionou a respeito de um possível racionamento no município. Em resposta, o superintendente da autarquia descartou qualquer possibilidade de racionamento em Itu.

“Não está em nossa pauta (o racionamento). A contribuição do Mombaça foi essencial para gente ganhar essa segurança no abastecimento, então realmente a gente vem acompanhando as cidades vizinhas com dificuldade, com o racionamento, mas aqui a gente não terá que passar por isso. O rodízio no Cidade Nova é por conta da obra do Pirajibu, que inclusive vai melhorar ainda mais a segurança hídrica do abastecimento”.

“Quando o prefeito assumiu, em 2017, a gente herdou um sistema que ficou muito tempo sem investimentos, sem expansão, e em três anos a gente já realizou bastante coisa. Ter o Mombaça disponível 100%, a construção de reservatório, a obra no Pirajibu, reforma de captações antigas que estavam em situação crítica. Em 3 anos a gente está em uma situação muito mais confortável, mas ainda tem muito trabalho para fazer. Reformas que precisam ser feitas”.

Nível das represas
Sobre a capacidade operacional das represas da cidade, de acordo com o superintendente, elas estão com média de 70% de sua capacidade e é feito um acompanhamento semanal dos mananciais. Após as chuvas do início desta semana, ainda não foi feito um novo relatório para informar uma nova média. Mesmo com o risco de racionamento descartado, Vincent orienta que a população não desperdice.

“Pedimos a colaboração para que as pessoas façam um uso consciente. As pessoas estão acostumadas a usar a mangueira aberta como se fosse vassoura para empurrar as folhas em frente da calçada, ficar muito tempo no chuveiro, são coisas clássicas que a gente vive lembrando em nossas campanhas”.