Argentinos de Itu sentem a morte de Maradona

O brasileiro Sorrentino e a esposa argentina Silvina como tantos, sentiram a morte de Diego Armando Maradona (Foto: Arquivo Pessoal)

Instituído pela Lei 13.664/2018, de 15 de maio de 2018, o Dia da Amizade Brasil-Argentina é comemorado em 30 de novembro. Há muitos argentinos morando em Itu, tendo sido bem recebidos e vivendo de forma harmônica, assim como há ituanos vivendo no país amigo.

Esta semana, embora de uma forma triste, brasileiros e argentinos se irmanaram, com a notícia da morte, aos 60 anos, de Diego Armando Maradona, um dos maiores jogadores que o futebol proporcionou ao mundo. Ele faleceu na quarta-feira (25), vítima de infarto.

A reportagem do Periscópio manteve contato com a argentina Silvina Martinez Sorrentino, 60 anos, nascida em Buenos Aires e que mora em Itu há 20 anos. Emocionada, ela disse que “a notícia foi muito impactante. Senti um pesar muito grande. Há muitos anos conheci Maradona. Eu trabalhava em um escritório e ele tinha um em frente. Era uma pessoa muito simples e alegre”, afirmou. Torcedora do River Plate, maior rival do Boca Juniors, time do coração de Maradona, Silvina, entretanto, não tinha como não admirá-lo.

  “Só agradeço por tudo o que ele fez no futebol. Graças a ele, de certa forma, somos conhecidos no mundo inteiro. Em 1986, eu lembro que ele tocou o céu com a mão, quando ganhamos da Inglaterra, porque vínhamos de uma guerra, vínhamos de muita tristeza, de ver muitos jovens mortos, dando o sangue pela Argentina. Aquele triunfo equivaleu a tocar o céu com a mão”, emociona-se, ao lembrar do conflito armado entre a Argentina e o Reino Unido ocorrido nas Ilhas Malvinas entre abril e junho de 1982 pela soberania sobre os arquipélagos.

 Silvina completa: “obrigada, obrigada por tanto futebol, por fazer dançar os ingleses, por nos fazer reconhecidos mundialmente. Por isso, falo obrigada, obrigada e obrigada a ele. Maradona sempre foi um dançarino de chuteiras, um artista que encantava, tinha uma magia em seu futebol”.

 O esposo de Silvina, Antonio Carlos Sorrentino, 58 anos, protético, é brasileiro, mas viveu muitos anos na Argentina, e lá ele aprendeu a respeitar Diego Armando Maradona. “As pessoas me perguntavam quem era melhor, Pelé ou Maradona? Eu me calava, porque para mim era o Pelé, mas na verdade, cada um foi o melhor em sua época”.

Sorrentino, embora ituano, foi morar muito jovem em Buenos Aires e fazendo um teste para atuar no Boca Juniors, nas equipes de base, teve a oportunidade de ver Maradona, que atuava pelo Argentino Juniors e que, embora bastante jovem, já era chamado de El pibe de oro (o garoto de ouro).

“Eu tinha de estudar e trabalhar e acabei não seguindo no futebol. Maradona, brilhante, foi adiante e transformou-se nisso que conhecemos. A sensação que eu tinha dele é que era um fora de série. Conheci muitos jogadores, mas como ele não vai ter igual. Como o Pelé não vai ter e como o Maradona, também não”, afirma.  

Finalizando, Sorrentino afirma que “Maradona nasceu pobre, sempre foi muito humilde. Acredito que não era ruim, acho que foi encaminhado por pessoas erradas, que se aproveitaram da fama e riqueza que ele conquistou. Sempre há pessoas assim”.