Artigo: Conjunção tripla Lua, Saturno e Júpiter

Prof. Paulo Sergio Bretones*

Nas noites entre 20 e 22 próximos será possível observar a Lua nas proximidades de Saturno e Júpiter. O fenômeno será observado a partir do horizonte leste, logo ao anoitecer. Na primeira noite, a Lua estará à direita de Saturno, na seguinte, entre Saturno e Júpiter, e, no dia 22, um pouco abaixo de Júpiter.

Nessas noites teremos fenômenos interessantes, que vale a pena acompanhar, com esses planetas muito brilhantes. Em 19, às 21h, Júpiter estará em oposição, o que significa dizer, do lado oposto ao Sol para um observador da Terra, como ocorreu com Saturno no dia 2.

Considerando as órbitas dos dois planetas, nessa época eles ficam mais próximos da Terra. Um observador deve considerar que, quando o Sol se põe no Oeste, às 17h52 no horário de São Paulo, Júpiter nasce no leste, quase no mesmo horário. A Lua cheia, na noite de 22, nasce em horário próximo ao pôr do Sol.

Também no começo dessa noite, no oeste, será possível observar, Vênus, também muito brilhante. Esse planeta estará, por volta das 19h10, com a mesma altura de Júpiter em relação ao horizonte.

A observação de conjunções da Lua com planetas brilhantes é importante para a sensibilização e desenvolvimento de interesse pelos movimentos no céu, em especial para crianças que poderão desenvolver a atração pelos fenômenos celestes. A partir dessas observações, mesmo adultos sensibilizados, poderão conhecer movimentos, brilhos, distâncias e composições desses astros.

A Lua, nosso satélite natural, é três vezes e meia menor que a Terra e nas noites das conjunções estará a 375 mil quilômetros. Júpiter, muito mais distante, a cerca de 753 milhões de quilômetros, é o maior planeta do Sistema Solar, 1300 vezes maior que a Terra em volume, composto principalmente de hidrogênio, amônia e metano. Saturno, a 1,5 bilhão de quilômetros, é o segundo em tamanho e com uma composição parecida.

Vênus é quase um irmão gêmeo da Terra em tamanho, nos próximos dias a uns 110 milhões de quilômetros, com superfície sólida, uma atmosfera rica em gás carbônico e ácido sulfúrico e uma temperatura de 470º C.

Com um pequeno telescópio pode-se observar crateras e montanhas da Lua, Júpiter e suas quatro maiores luas: Io, Europa, Ganímedes e Calisto, Saturno com anéis e sua maior lua, Titã.

As temperaturas, nesses mundos em torno dos grandes planetas do Sistema Solar costumam ser muito baixas, incomparáveis, mesmo com as noites mais frias que atravessamos neste inverno. A Lua é um caso extremo: a parte iluminada pelo Sol chega a 120º C, e no lado oposto a -150º C. Júpiter com cerca de -110º C e Saturno, mais distante, a -140º C, ainda mais frio, sem comparação mesmo com a Antártida, o continente mais gelado da Terra.

Sobre as sondas que passaram por esses planetas, como seria a Terra vista de lá? Uma fotografia da Terra foi feita em 1990 pela Voyager-1 a uma distância de seis bilhões de quilômetros. Sobre essa imagem, chamada de “Pálido Ponto Azul” pelo astrônomo Carl Sagan (1934-1996) vale a pena conhecermos seu texto, áudio e vídeos disponíveis na Internet. Sagan destaca a nossa responsabilidade de sermos mais amáveis uns com os outros, preservarmos e protegermos o nosso planeta.

E isso inclui uma sensibilidade para, nessas noites geladas de inverno, podermos participar de movimentos como doação de agasalhos e acolhimento de moradores em situação de rua. A pandemia em parte é responsável por uma desagregação social, mas nada justifica que milhares de pessoas não tenham a proteção de um teto contra as intempéries. Isto vai ao encontro das reflexões de Sagan para sermos solidários e ajudarmos os mais carentes para mudar essas situações de desamparo.

*É palestrante e autor, formado em Química com mestrado e doutorado com temas relacionados à Educação em Astronomia pela UNICAMP. Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal de São Carlos.