Artigo: O eclipse do Sol de 14 de dezembro de 2020

Por Prof. Paulo Sergio Bretones*

Na tarde de 14 de dezembro ocorrerá um eclipse total do Sol que poderá ser observado no Chile, na Argentina e no sul dos oceanos Pacífico e Atlântico. Em parte da América do Sul e no Brasil será visto como parcial. Em Itu, o eclipse começará às 12h44 quando a Lua nova começará a “tocar” o disco do Sol. A Lua irá cada vez mais ocultando o disco do Sol até que, às 14h03min o Sol terá 41% de seu diâmetro cobertos pelo nosso satélite. Nesse momento, quando 30% da área do Sol for obscurecida pelo disco lunar, estará a 62 graus de altura sobre o horizonte. Então, a Lua começará a sair da frente do Sol até que às 15h14min sairá por completo.

Neste ano temos ao todo 6 eclipses, sendo 2 do Sol e 4 da Lua. Os eclipses lunares foram penumbrais e mais difíceis de serem observados. Assim como o eclipse do Sol de 21 de junho passado, observado na África, Ásia e em parte da Europa, aqui no Brasil, poderemos acompanhar ao vivo pela Internet e nas redes sociais.

Os eclipses solares ocorrem quando a Lua se interpõe entre o Sol e a Terra. Como a Terra gira ao redor do Sol num plano, supondo que o Sol esteja no centro da face superior de uma mesa, a Terra se move em torno do Sol no nível desta superfície. Ao mesmo tempo a Lua gira em torno da Terra, mas o plano de órbita lunar é inclinado um pouco mais de 5º em relação à face da mesa e geralmente a Lua passa acima ou abaixo do Sol. Mas quando a Lua cruza o plano da órbita da Terra, entre o Sol e o nosso planeta e todos ficam alinhados, ocorre um eclipse solar.

Durante o eclipse é muito perigoso observar o Sol diretamente e pode produzir queimaduras na retina, causando cegueira. É extremamente perigoso olhar para o Sol com qualquer instrumento óptico como binóculos, lunetas, telescópio ou mesmo uma máquina fotográfica. Veja o que acontece quando se queima uma folha utilizando-se uma lente para focar a luz do Sol. Não se deve usar óculos escuros, vidros esfumaçados, radiografias ou negativos de filmes revelados, pois podem não bloquear as radiações não visíveis como o infravermelho e o ultravioleta. Contudo, existem óculos para observação solar com filtro de mylar. Deve-se tomar o cuidado de observar o fenômeno com um filtro apropriado e o mais indicado seria o usado em máscara de soldador no. 14, disponível em lojas de ferragens.

Melhor ainda, seria projetar a imagem do Sol numa tela. Se for utilizado um instrumento, como uma pequena luneta ou binóculo, deve-se alinhá-lo com o Sol, sem observá-lo e colocar um anteparo com a imagem do Sol no foco. Pode-se cobrir um pequeno espelho com um papel com um orifício e projetar a imagem do Sol numa parede.

Para fotografar o eclipse com câmera digital, DSLR, fixada num tripé, em modo de foco infinito, sensibilidade de ISO 100 e um filtro de densidade neutra diante da objetiva. Na falta de filtros próprios, pode-se usar o filtro de máscaras de soldar indicado acima. Para as câmeras com opções manuais, pode-se usar exposições de 1/1000 e aberturas como F/8 ou F/10, disparando-se em intervalos de três, cinco minutos ou mais.   Também seria importante fazer um ensaio na véspera para procurar o melhor local e condições.

Professores, estudantes e interessados podem aproveitar a oportunidade para realizarem atividades e participarem do Projeto Dia da Astronomia nas Escolas iniciado no ano passado e organizado pela União Astronômica Internacional (IAU).

Para este ano preparamos um site com conteúdos e recursos didáticos sobre eclipses. Para mais informações incentivamos que façam o registro no site e enviem seus relatórios de atividades em https://iau-dc-c1.org/eclipse-2020/.

Esperamos que este site seja útil mesmo nestes tempos de ensino remoto ou a distância em muitas escolas do mundo. Atualmente os eclipses são transmitidos em tempo real por vários canais do YouTube.

Os telescópios remotos são importantes para escolas que não têm instrumentos, quando um fenômeno celeste ocorre fora do horário de aula, o céu esteja nublado ou mesmo que seja um instrumento mais potente e com mais recursos. No caso deste eclipse, enquanto é visível em parte do Brasil como parcial, o fenômeno poderá ser visto como total e ao vivo no mundo todo pela Internet.

Seja como for, se o céu não estiver nublado, sugiro convidar crianças, jovens e interessados para observarem o eclipse por projeção ou com filtros adequados.

Mesmo com toda a tecnologia disponível nos dias de hoje, é importante ressaltar que são ferramentas. O fenômeno é um espetáculo e a experiência da observação é incomparável e inesquecível.

* É palestrante e autor, formado em Química com mestrado e doutorado com temas relacionados à Educação em Astronomia pela UNICAMP. Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal de São Carlos.