Artigo: Uma fascinante viagem ao Irã

Por Prof. Paulo Sergio Bretones*


No mês de março passado viajei para o Irã onde permaneci por 17 dias, experiência que vale a pena ser contada pela história e cultura desse país. Fui convidado devido à colaboração com colegas iranianos em eventos e, também, pelo projeto “Dia da Astronomia nas Escolas”, promovido pela Comissão de Educação em Astronomia e Desenvolvimento da União Astronômica Internacional (IAU). O projeto considera importantes as datas dos inícios das estações do ano, nos equinócios e solstícios, parte da Lista do Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO como tradição cultural. Em anos anteriores promovemos a noite de Yalda, o início do inverno no Irã, e durante minha viagem ocorreu o Nowruz, em 20 de março, dia do ano novo iraniano e de regiões vizinhas, da África à Ásia.

Nessa viagem estive em nove cidades, fiz seis palestras e participei de muitas reuniões, uma delas com o subministro da educação, Mohammad Mahdi Kazemi. As palestras são um estímulo a estudos em educação em Astronomia e formação de professores e estudantes em universidades e outras instituições. No Irã, muitos projetos são resultado de esforços de instituições como a União Astronômica de Professores Iranianos (ITAU) e a Rede Internacional de Estudantes de Astronomia (SINA). Participei de reuniões e fiz palestras em vários sistemas de ensino regionais e locais de pesquisas para professores e alunos, quando fui entrevistado, em várias oportunidades, pela mídia local.  Em visita ao planetário de Teerã uma dessas entrevistas foi feita pelo diretor local e divulgado no Dia Internacional de Planetários, ocorrido em 14 de março. Após visitar o observatório de Biruni, a 1.740 metros de altitude, parte do campus da Universidade de Shiraz, fiz uma das muitas palestras. Na cidade está o Complexo de Dastgheib onde são feitas observações do céu com estudantes. 

Em Pasárgada, fiz palestra e fui homenageado com faixas e um certificado pelo prefeito local. Aí tive oportunidade de visitar a tumba do imperador Ciro II. Algumas viagens foram feitas de avião, outras de carro, passando por estradas no interior de belas montanhas e desertos iranianos. É o caso da montanha de Beyrami, onde está preservado o Castelo de Shirineh, considerado patrimônio da UNESCO. Nessa localidade participei do Chaharshanbe Suri, festival celebrado na véspera da última quarta-feira antes do Nowruz.

Visitei, ainda, vários museus de história antiga, islâmica e castelos. Entre eles, o Castelo de Karim Khan e o museu Pars, onde está exposto um quadro com Jesus, Maria e Hafez, poeta e filósofo persa, respeitado por hindus, cristãos e judeus, além do mausoléu em Shiraz. Conheci, ainda, obras de Al Sufi, Avicena, Rasis, Omar Khayyam e muitos outros. O Irãera é o centro do império persa, que existiu há 2.500 anos, como pode ser visto no Museu do Golfo Pérsico, na cidade de Bushehr, de frente para oGolfo Pérsico. Na Universidade de Bushehr fiz outra palestra, além de reunião com Arash Khosravi, diretor da área de assuntos internacionais e estudantes estrangeiros visando colaborações na área. Mais tarde fui entrevistado em um programa pela TV Bushehr.

Na praia de Bandar, participei das comemorações do Nowruz com música na vizinhança. A importância cultural do evento para a educação foi apresentado em uma reunião internacional online organizada pela IAU. Em Ahram tive reunião com o líder religioso local. Em Persépolis, construída por Dario I e ampliada por seu filho Xerxes I, pude ver relevos representando Aura Mazda, o deus do bem, segundo Zaratustra ou Zoroastro, um profeta e poeta nascido no Irã no século VII a.C. Ele foi o fundador do Masdeísmo ou Zoroastrismo, religião adotada oficialmente pelo Império Aquemênida (558–330 a.C.) que pode ter sido a primeira religião monoteísta ética da história. Seus ensinamentos formam um triângulo: bons pensamentos, boas palavras e boas ações – sempre e em todos os lugares!

Em Esfahan, visitei a Praça de Naghsh Jahan, com duas mesquitas e o Palácio de Ali Qapu. Por essa viagem devo muito a Hasan Baghbani, Mahdi Rokni, Hosein Khezri, Maryam Papar, Ali Reza Doosti, Parham Eisvandi e Gholam Reza Izadpanah entre outros por me acompanharem. Uma viagem fascinante em um país com muita história e cultura que vale a pena ser conhecida. Ao final de tantas guerras, ao longo da história, atualmente, o Irã está em paz com o Iraque e outros vizinhos. Um povo muito gentil, onde as pessoas se cumprimentam dizendo: “Salam”e pondo a mão sobre o coração.


*É palestrante e autor, formado em Química com mestrado e doutorado com temas relacionados à Educação em Astronomia pela UNICAMP. Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal de São Carlos.