Assembleia de adesão de escola ao PEI é adiada

Dirigentes da Apeoesp estiveram em frente à escola estadual orientando a comunidade escolar a votar contra mudança (Foto: Divulgação)

Estava programada para a última sexta-feira (27/05) uma assembleia que iria decidir se a Escola Estadual “Francisco Nardy Filho”, situada no bairro Rancho Grande, em Itu, se tornaria uma unidade de Ensino Integral.

Porém, a assembleia que estava marcada não ocorreu. De acordo com a professora Rita Diniz, diretora estadual do Sindicato dos Professores da Rede Estadual de Ensino (Apeoesp), a decisão foi adiada porque o diretor da escola (João Alvino da Silva) está com suspeita de Covid-19.

“Tomara que as famílias não aceitem isso [a mudança para Ensino Integral]. Vai ser muito ruim pra toda comunidade escolar de lá”, comenta Rita, que explica seu posicionamento. “Nós da Apeoesp somos contrários à escola de tempo integral porque a estrutura não comporta [o modelo]. Para implantar esse tipo de escola teria que ter toda uma reforma, teria que ter uma outro tipo de estrutura”, explica ela.

Segundo ela, o corpo docente atual não é suficiente nem para o modelo atual. “Está faltando professores em quase todas as disciplinas em quase todas as escolas. Sem contar que a escola de tempo integral não atende todos os alunos da sua própria escola, quem dirá de outras. Normalmente de 30% a 40% dos alunos são transferidos contra a vontade, sem nem saber, para a escola mais próxima ou não, para onde tiver vaga”, aponta a professora.

Rita segue criticando o PEI. “A parte pedagógica também não tem nada extraordinário, em muitas escolas nem professor tem pra todas as disciplinas. Tem muita enganação, perfumarias que parecem proveitosas, mas o aluno continua com muita defasagem e longe de ter um preparo sério para entrar numa universidade, por exemplo”.

Segundo a sindicalista, a adesão ao PEI é “mascarada por bônus financeiros pagos a mais e que se traduzem em jornadas excessivas de trabalho, risco de demissão constante, estresse, desgaste mental e o valor pago a mais não conta para fins de aposentadorias, por exemplo”.

Na quinta-feira (26/05), integrantes da Apeosp estiveram no “Nardy” conversando com pais, alunos e professores, mostrando razões para que eles votassem ‘não’ na assembleia, que ainda não tem uma nova data para ocorrer. O JP entrou em contato com a escola, que informou que nesta semana uma nova data para a assembleia deverá ser marcada, dizendo que seu diretor “está afastado por problemas de saúde”.

Em nota, a Secretaria da Educação de São Paulo disse que o PEI tem sido um grande diferencial nos resultados educacionais no Estado de São Paulo, além do desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais.

“O Programa apresenta inovações no desenvolvimento do protagonismo juvenil, como tutoria, clubes juvenis, possuem disciplinas diferenciadas como Orientação de Estudos, Práticas de Ciências integrando o teórico e prático nos laboratórios da Matemática, Química, Física, Biologia e Ciências”, afirma a pasta.

No Estado já são 2.050 escolas no PEI. Todas as escolas interessadas em aderir ao programa podem participar do processo de adesão, que está aberto até 30 de junho. Nesta etapa são elaborados documentos que evidenciam a manifestação da comunidade em relação ao programa e são enviados à Seduc-SP, que realiza as análises técnicas. Apenas com o parecer favorável da comunidade escolar, a escola poderá ingressar no Programa.

Um comentário em “Assembleia de adesão de escola ao PEI é adiada

  • 10/06/2022 em 05:45
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    Bom dia
    Ainda estamos acompanhando porém o diretor fracionou a comunidade escolar e está ouvindo os pais por série. Estamos atentos e otimistas em relação a aceitação desse projeto nefasto que exclui alunos e explora professores em ritmo de escravidão.
    Estamos aguardando a Assembleia Geral com toda comunidade e não o convencimento individual como vem sendo feito sem nenhum debate sério apenas com a gestão fazendo propaganda do propaganda do projeto e convencendo as famílias que aparecem lá a aderir. Estão fazendo o papel de vendedores de um produto que nem eles conhecem mas como o governo faz a oferta do pagamento de uma comissão razoável pra quem conseguir vender eles estão irredutíveis. Sabemos que várias outras também estão com a mesma intenção porém, toda escola que atende várias comunidades principalmente dos jovens que trabalham e estudam não devem aceitar. O Caic de Itu por exemplo é uma escola grandiosa e de uma comunidade gigante, implantar a PEI no CAIC é muita falta de compromisso com a comunidade. Não adianta fazer discurso e vender a ideia de educação de qualidade que não é verdade. Como já falamos. O governo joga com uma parcela da categoria. Fica 10 anos sem reajustar os salários deixa todo mundo empobrecido, endividado, aí vem oferecer gratificação (comissão de venda) do produto dele, pura propaganda enganosa. A população precisa saber que seus filhos estão sendo usados politicamente na venda desse projeto. O modelo de PEI que tenha dado certo minimamente são em escolas que já fazia um trabalho diferenciado. Algumas gestões e equipes de escolas fazem verdadeiros milagres independente de governos. Outras não. O governo se apropria do trabalho dos outros, da pobreza da categoria para passar esses projetos nebulosos e continuar enganando a população. Lamentável!

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