Bright

Por André Roedel

A coluna nesta semana, novamente fraca de lançamentos por conta das festas de fim de ano, abre espaço para um filme lançado pela Netflix, gigante na área do streaming e cada vez mais presente nos lares das famílias de Itu e de todo o Brasil. Bright, estrelado por Will Smith, já está disponível no catálogo do serviço desde 22 de dezembro e é um longa-metragem interessante, com uma boa premissa – porém muito mal executado.

O grande astro do cinema e da TV vive na produção um policial íntegro em um mundo curioso, que mistura a nossa realidade com um ambiente fantástico repleto de orcs, elfos e outras criaturas míticas. O personagem de Smith tem como parceiro na polícia de Los Angeles um orc, vivido por Joel Edgerton.

Ambos acabam caindo no meio de uma trama repleta de magia e corrupção policial, em um escape movie que poderia ser bem mais do que acabou sendo. Dirigido por David Ayer (o mesmo do fracassado Esquadrão Suicida), Bright dá a sensação de que não atingiu seu potencial. Isso, somado aos furos de roteiro e as motivações fracas, fazem do longa um desperdício de tempo.

Faltou ao filme se aprofundar mais na mitologia por ele mesmo criada. Tudo acaba parecendo jogado na tela, sem uma explicação que satisfaça o telespectador mais exigente – mas deixa um gosto de querer mais daquele universo, ao menos. O que acaba salvando, além do carisma de Smith, são as cenas bem-feitas de pancadaria e os efeitos especiais, dignos de grandes produções.

As analogias traçadas entre as disputas entre humanos e orcs com o racismo que vivemos no mundo real poderia ser muito melhor explorada pela produção do filme. Nessa parte, Bright ficou vazio e pobre, parecendo uma daquelas produções que tentam empurrar goela abaixo uma mensagem social, mas que não tem estofo para isso.

Outro problema de Bright, ao meu ver, é querer misturar muitos subgêneros do cinema em um filme só. A produção é, como já informado, um escape movie e também um drama policial, com ação, ficção científica e a apelação ao contexto social. Assim fica muito difícil se sustentar por quase duas horas.

Existem, claro, outros pontos positivos no longa-metragem, como a maquiagem e o design de produção – que conseguiu criar personagens e cenários interessantes. Outra coisa bacana é a trilha sonora, repleta de hip-hop e outros sons que remetem à periferia norte-americana.

Porém, todos os problemas e – principalmente – a expectativa gerada em torno da obra acabou fazendo de Bright mais uma decepção na incursão da Netflix em fazer filmes bons. Melhor focar nas séries que a empresa ganha mais…

 

Nota:

 

 

.