Cinerama: Anna – O Perigo Tem Nome

Por André Roedel

Eu sou um fã de Luc Besson. O diretor e roteirista francês sempre emprega um estilo muito próprio em suas produções. O Quinto Elemento e Lucy são suas grandes obras originais, mas mesmo a adaptação do quadrinho franco-belga Valerian e a Cidade dos Mil Planetas possui uma identidade muito particular do cineasta. E isso não é diferente em seu mais novo longa-metragem, Anna – O Perigo Tem Nome.

Rendendo homenagens aos filmes de espionagem dos anos 1970/1980, Besson entrega uma trama repleta de intrigas, perseguições e ação à la John Wick situada já no fim da União Soviética. O filme acompanha a evolução de Anna Poliatova (vivida pela ex-modelo Sasha Luss), uma jovem russa que acaba sendo recrutada pela KGB – o serviço de inteligência da URSS – e é infiltrada na França como modelo de uma grande agência.

Só que as aparências enganam em Anna. Atrás de uma bela e delicada mulher, se esconde uma potente máquina de matar e dissuadir inimigos soviéticos. E Sasha, que deixou as passarelas para se dedicar ao cinema, é a pessoa ideal para viver a personagem. A atriz, que só tinha feito uma ponta em Valerian, mostra que veio com tudo e é uma grande promessa na atuação.

Helen Mirren em Anna

O filme tem ação e espionagem na dose certa, com um bom elenco de apoio (em especial a veterana Helen Mirren, que rouba a cena) e um roteiro interessante e propositadamente bagunçado de Besson. Isso porque o longa tem idas e vindas no tempo importantes para que o espectador entenda as reviravoltas da trama – que, se não chegam a surpreender os mais atentos, pelo menos conferem um charme especial para a produção.

Aliás, charme é o que não falta nas obras de Luc Besson. Talvez seja o sex appeal de suas protagonistas e todo aquele universo que as cercam. Fato é que Anna repete a fórmula e é um entretenimento honesto, que diverte os espectadores em suas duas horas de duração – mas que poderia ser facilmente condensado em no máximo 1h40. Além do tempo excessivo, não curti a trilha sonora genérica e os romances de Anna com os personagens de Luke Evans e Cillian Murphy. Achei forçado.

No geral, o filme talvez possa parecer datado e repetitivo, mas é preciso lembrar que, atualmente, praticamente tudo no cinema comercial é assim. Este, pelo menos, tem uma estética interessante e sequências de ação bem coordenadas. Há uma perseguição com carros que lembrou os bons capítulos de Missão: Impossível. Se você gosta de filmes assim, Anna – O Perigo Tem Nome certamente vai lhe agradar.

Nota: ☆ ☆ ☆