Cinerama: Mulher-Maravilha 1984

Por André Roedel

Warner Bros. | 2h30 | Ação/Aventura | Classificação indicativa: 12 anos
Em cartaz no Cine Plaza Itu. Confira horário clicando aqui.

Um filme leve para terminar um ano pesado. Mulher-Maravilha 1984, continuação do bom longa-metragem de 2017, traz uma Gal Gadot mais à vontade no papel da princesa amazona e uma trama espirituosa, com um clima mais colorido e animado típico dos anos 1980 – e também dos quadrinhos, de onde a personagem saiu. A trama acompanha Diana Prince/Mulher-Maravilha em 1984, durante o auge da Guerra Fria, entrando em conflito com dois grandes inimigos – o empresário de mídia Maxwell Lord (Pedro Pascal) e a amiga que virou inimiga Barbara Minerva/Mulher-Leopardo (Kristen Wiig) – enquanto se reúne com seu interesse amoroso Steve Trevor (Chris Pine).

O grande destaque do filme dirigido por Patty Jenkins é deixar de lado qualquer amarra com as demais produções da DC Comics, como Liga da Justiça e Batman vs Superman: A Origem da Justiça. O importante, aqui, é a jornada da Mulher-Maravilha, com direito a um bonito flashback de sua infância em Themyscira, a terra original das guerreiras amazonas.

Isso é um ponto muito positivo, uma vez que o filme se permite ser mais piegas e um tanto brega, mas no bom sentido. As produções da DC, de maneira geral, eram mais soturnas e “pseudo-adultas”, o que desagradava boa parcela dos espectadores. Agora isso parece ter sido corrigido. Claro que a decisão também pode soar como um desrespeito ao próprio legado construído pela empresa nos últimos anos. Mas, visto o resultado final do novo filme, se provou uma escolha mais acertada.

O roteiro, assinado pela própria Jenkins em parceria com Geoff Johns (que é roteirista de histórias em quadrinhos) e Dave Callaham, explora mais da mitologia da personagem e seu cerne: o espírito da verdade. Afinal, a Mulher-Maravilha sempre teve isso como princípio, tanto que um de seus apetrechos é o “laço da verdade”.

A participação de Maxwell Lord dá peso a essa questão, uma vez que o empresário – uma espécie de televangelista – está em busca de poder absoluto e não se importa com as mentiras que conta pelo caminho para obter o que quer. E Pedro Pascal (que está muito bem na série The Mandalorian, no Disney+) dá um show de interpretação, entregando um vilão no limite entre o excêntrico e o caricato. Kristen Wiig também vai bem, mas não tanto quanto o colega. Já o Trevor de Pine é mais como se fosse a consciência de Diana, não destacando-se tanto quanto no filme anterior.

Como um bom e divertido gibi sem pretensões de grandes reflexões da vida (apesar de conseguir isso às vezes), Mulher-Maravilha 1984 traz aqueles momentos que aquecem o coração. É bem executado, tem cenas de ação interessantes e empolga. Em geral, é uma ótima pedida para este período natalino. Vale o ingresso!

Nota: ☆☆☆☆