Cinerama: O Beco do Pesadelo

Bradley Cooper é protagonista de “O Beco do Pesadelo” (Foto: Divulgação)

Nightmare Alley, Suspense, 2021
Direção: Guillermo del Toro | Em cartaz no Topázio Cinemas

Nota: ★★★ ½

Remake de um filme de 1947 (que por sua vez é a adaptação de um livro de um ano antes, de autoria de William Lindsay Gresham), “O Beco do Pesadelo” é, basicamente, Guillermo del Toro prestando um tributo ao cinema noir. O filme recebeu quatro indicações ao Oscar 2022 (incluindo Melhor Filme).

A trama acompanha o ambicioso Stanton Carlisle (numa atuação muito boa de Bradley Cooper), um homem que carrega demônios do passado e acaba indo parar num circo. Lá ele começa a trabalhar, se interessar pela jovem Molly (Rooney Mara) e aprender mais sobre os truques de mentalismo – vendo, então, uma possibilidade de ascensão.

E ela vem pouco tempo depois, quando passa a fazer shows para a alta sociedade em Nova York. Mas ele acaba esbarrando no caminho da psicóloga Lilith Ritter (Cate Blanchett, que nem de longe está em sua melhor interpretação), que tenta desmascará-lo e acaba fazendo parte de suas tramoias.

O filme, que conta ainda com um bom elenco de apoio (com destaque para Toni Collette e Willem Dafoe, este último em mais uma atuação impecável), se divide em duas partes: a do circo e o suspense noir, na cidade. Isso faz com que o tom mude drasticamente – o que pode dividir opiniões.

Sobre sua temática, a obra se passa em meio à Segunda Guerra Mundial, um período sombrio e de desesperança. Del Toro consegue refletir bem esse momento da humanidade em seu filme que, diferente de outros de sua autoria, não conta com criaturas monstruosas; em “O Beco do Pesadelo”, os monstros são nossos atos. Não fosse tão arrastado (poderia ter meia hora a menos tranquilamente), seria um baita filme.

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King Richard: Criando Campeãs
Will Smith dá vida a Richard Williams, pai de Venus e Serena, duas das maiores jogadoras de tênis da história. Como toda biografia, o filme apela para o lado motivacional – às vezes até demais, deixando de lado as nuances das jovens e promissoras atletas. Mas o foco é mesmo a obstinação de Richard, encarnado com o carisma peculiar de Smith. O ator segura bem a produção (que claramente é burocrática, sem a mão do diretor Reinaldo Marcus Green) juntamente com as jovens atrizes que vivem as tenistas, em especial Saniyya Sidney, intérprete de Venus. O filme também acerta em, mesmo que discretamente, discutir o racismo nos EUA, lembrando os distúrbios de Los Angeles em 1992 provocados pelo ataque de policiais a um homem negro. Mas ficou faltando aquele algo a mais na obra, que se escora mais no charme de Will Smith do que na história que quer contar. Tem na HBO Max. Nota: ★★★