Cinerama: Predadores Assassinos

Por André Roedel

O cinema possui alguns subgêneros pouco explorados recentemente. Um deles é o cinema de desastre. Ultimamente, os filmes desse tipo, como 2012 e Tempestade: Planeta em Fúria, ficaram restritos ao drama e/ou ação. O terror não se enveredou por essa área praticamente. Preferiu apostar no sobrenatural ou nos slashers. Até o lançamento do surpreendente Predadores Assassinos.

O filme produzido por Sam Raimi (da trilogia original do Homem-Aranha e A Morte do Demônio) e dirigido por Alexandre Aja (de Amaldiçoado) embarca nesse subgênero ao mostrar seus personagens tendo que enfrentar o resultado de um terrível furacão que destrói a Flórida, no sul dos Estados Unidos. Além dos ventos e tempestades, eles ainda precisam encarar gigantescos jacarés assassinos que chegam com a enchente.

A premissa pode ser boba, mas é essa “simplicidade”, por assim dizer, que faz o filme ser interessante. E tenso. Curtinha (tem menos de 1h30 de duração), a obra sabe envolver o espectador, que fica aflito com a situação que a jovem nadadora Haley (Kaya Scodelario) e seu pai (vivido por Barry Pepper) passam “ilhados” no porão de uma casa, com os jacarés prontos para atacar ao menor sinal de movimento.

Predadores Assassinos tem claramente as suas limitações orçamentárias (os efeitos que resultam nos monstrengos não são dos melhores), mas dribla isso com uma ótima narrativa e uma atmosfera que deixa o espectador prendendo o fôlego a cada nova cena em tela.

Kaya Scodelario em Predadores Assassinos

No quesito atuações, Kaya (que é filha de uma ituana!) está muito bem – leva o filme nas costas. A obra tem ainda em seu favor contar uma história mais contida e sem querer explorar cada subtrama por vezes desnecessárias – como o passado da família da jovem. Prefere focar no que é preciso e se sai bem com isso. Ponto para o roteiro acertado dos irmãos Michael e Shawn Rasmussen, que escorrega pouco apenas em ou outro diálogo mais piegas entre Haley e o pai.

A fotografia escura, mas que não deixa tudo escondido, e a trilha sonora que reforça a atmosfera de nervosismo também são pontos que se destacam no filme, que referencia os grandes longas-metragens de monstros como o clássico Tubarão. Claro que não revoluciona como o filme de Steven Spielberg fez em 1975, mas cumpre a sua proposta e entrega um terror honesto e realmente apavorante em muitos momentos e praticamente imersivo, fazendo com que o espectador se sinta dentro daquela terrível enrascada. Chega até a dar falta de ar em alguns momentos! Por tudo isso, é um filme que vale a pena conferir.

Nota: ☆ ☆ ☆ ½