Cinerama: Star Wars: A Ascensão Skywalker

Por André Roedel

Fechar uma saga do tamanho de Star Wars não é tarefa fácil. Conciliar oito filmes já produzidos, uma imensidão de subtramas contadas em quadrinhos e livros e, principalmente, acalentar o coração do fã precisa de muito cuidado e, muitas vezes, isso significa ir pelo caminho mais fácil. E é o que Star Wars: A Ascensão Skywalker faz.

Diferente de seu antecessor (Os Últimos Jedi), o longa-metragem dirigido por J.J. Abrams (o mesmo do primeiro capítulo da nova trilogia, O Despertar da Força) não se arrisca. Amarra algumas pontas soltas e faz as revelações necessárias para o andamento da história. As escolhas tomadas certamente dividirão opiniões, mas o fato é que o final é condizente com tudo que já foi apresentado nessa nova trilogia – que acaba sendo um remake dos filmes originais e um tributo também, com a participação de tantos heróis icônicos da primeira trilogia.

A Ascensão Skywalker acaba sendo um retorno às origens após as controvérsias de seu antecessor – para mim, um dos melhores da franquia. Meio que deixa de lado o que Rian Johnson (diretor do ótimo Entre Facas e Segredos) se arriscou e busca o conforto da narrativa simples de Star Wars, em que as soluções às vezes parecem óbvias demais.

Personagens cativantes sempre foram o trunfo de Star Wars Foto: Divulgação

Mas o fim da saga acerta em focar no que sempre foi seu grande trunfo: seus personagens e sua mensagem moral. Afinal, a ópera especial criada por George Lucas nos anos 1970 sempre foi uma história de uma família – quase que uma novela com raios laser –, mas repleta de figuras incríveis como Luke, Leia, Han Solo e Darth Vader. São os personagens que fazer Star Wars ser o que é.

Ser os novos não são tão icônicos como os antigos, ao menos se esforçam ao máximo para entregar seu melhor. É o caso da Rey de Daisy Ridley, que entrega a sua melhor atuação dos três filmes da trilogia. Na jornada para descobrir quem ela realmente é, a jovem jedi descobre segredos de seu passado, sendo auxiliada pela dupla Finn (John Boyega) e Poe Dameron (Oscar Isaac) – que mereciam um desenvolvimento melhor, assim como Kylo Ren (Adam Driver).

Desde o começo pensada como uma alegoria política, a franquia reforça sua lição de moral, que é essencial em tempos de falta de esperança (apesar de mostrada sem a sutiliza do anterior): não estamos sozinhos, apesar de as forças malignas quererem que acreditemos nisso. A Ascensão Skywalker é, afinal, uma luta do bem contra o mal, da Força contra o Lado Negro dela. E, apesar dos problemas de edição e as saídas simplistas do roteiro assinado por Abrams ao lado de Chris Terrio (quase que como num filme da Marvel), essa mensagem final é capaz de fisgar o espectador.

Nota:    ½