Cinerama: Tenet

Por André Roedel

Warner Bros. | 2h30 | Ação, Ficção científica
Em cartaz hoje às 17h, 19h30 e 20h no Cine Plaza (dublado)

Christopher Nolan sendo Christopher Nolan, para o bem e para o mal. O ótimo diretor inglês retoma elementos visuais e narrativos já usados em sua extensa filmografia (que inclui os ótimos “Interestelar”, “A Origem” e a trilogia “Batman”) em “Tenet”, primeiro grande lançamento da retomada dos cinemas.

O filme nada mais é que o cruzamento de uma aventura de James Bond com o conceito de viagem no tempo (ou algo do tipo). Na trama, um agente da CIA (interpretado por John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa para impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh) inicie a Terceira Guerra Mundial. A organização está em posse de uma arma de fogo que consegue fazer o tempo correr ao contrário, acreditando que o objeto veio do futuro. A partir daí “Tenet” vira uma grande viagem.

Apesar das cenas de ação bem executadas e do elenco estar bem amarrado, o filme peca ao ser pretensioso demais – algo que Nolan sempre acaba acusado, mas dessa vez com certa razão. Seu roteiro quer passar a ideia de algo mais inteligente do que na verdade é, mas se torna um tanto ininteligível ao espectador.

John David Washington, o filho de Denzel Washington que já havia se saído muito bem em “Infiltrado na Klan”, é o grande alento, com uma boa atuação – e um protagonismo que é reforçado com o roteiro. Próximo Batman dos cinemas, Robert Pattinson é um coadjuvante de luxo que tem alguns momentos de destaque.

No quesito ação, o filme é inquestionável: sua câmera próxima do combate, principalmente no último ato (em que praticamente simula um bom game de tiro), deixa tudo mais tenso e interessante. Aliás, toda a parte técnica merece destaque, em especial a montagem e edição e som.

No geral, “Tenet” agrada quando entrega o simples e desanda quando envereda para uma trama cabeçuda demais. Se Nolan tentasse ser mais contido e não quisesse revolucionar o cinema a cada novo lançamento, certamente teria uma recepção ainda mais elogiosa da crítica – e seria mais cultuado pelo público.

Nota: ☆ ☆ ☆ ½