Cinerama: Vai Que Cola 2 – O Começo

Por André Roedel

Um grande filão do mercado de cinema nacional é composto por comédias. Os filmes do gênero todo ano emplacam alguns sucessos de público, mas nem sempre de crítica. Isso porque o formato se esgotou. A maioria dos longas conta com tramas nada inventivas ou são adaptações de séries globais. No caso de Vai Que Cola 2 – O Começo, do Multishow.

Baseado no programa de sucesso do canal pago, esse segundo filme tem como proposta apresentar a origem dos personagens que são amados por um certo nicho do público brasileiro, como Ferdinando (Marcus Majella), Terezinha (Cacau Protásio) e Jéssica (Samantha Schmütz). Mas falha adotando uma postura totalmente diferente do primeiro filme, que contava com uma proposta mais contida e tinha um grande trunfo: Paulo Gustavo.

O humorista pode não ser unanimidade, mas é um grande expoente da comédia atual. Sua presença transforma e sua ausência, no caso dessa sequência, é sentida demais. Vai Que Cola 2 não consegue se segurar por 1h30 (a curta duração é de longe o melhor ponto da produção) sem a presença do comediante, tendo que embutir um monte de subtramas mal contadas para render.

Elenco de Vai Que Cola 2

O filme mostra como os personagens se conheceram e foram morar na pousada da Dona Jô (Catarina Abdala), no Méier. A ideia é interessante para quem curte o programa do Multishow, mas a execução fica muito a desejar. Parece que o roteiro foi escrito em cima de diversos esquetes previamente pensados, mas o que liga cada um deles fica fora do tom. Até as tentativas de emular a quebra da quarta parede (que é quando o personagem conversa diretamente com o espectador ou demonstra saber que está em uma obra de ficção), que foi comum no primeiro filme com Paulo Gustavo, são ruins.

Baseado em estereótipos de pessoas do subúrbio carioca, a série Vai Que Cola não é algo que me agrada – mas consegue me fazer rir em alguns momentos com seu humor exagerado. Porém, no filme, o espectador ri mais de constrangimento com as situações ridículas provocadas pelo roteiro. O diretor César Rodrigues até tenta fugir do ‘arroz com feijão’ ao apostar em tomadas diferentes, mas o texto sempre leva a produção de volta para um rumo totalmente perdido.

Em resumo, Vai Que Cola 2 – O Começo não tem uma trama que justifique a produção e claramente é uma tentativa de faturar em cima dos fãs da série, que querem conhecer mais sobre o passado de seus personagens favoritos mas acabam assistindo apenas a um episódio malconduzido do que já é visto na sitcom. Com o agravante de ser exibido na telona do cinema. No fim, é um telefilme mostrado no local errado.

Nota: ☆