Comerciantes falam sobre retomada da economia em Itu após a flexibilização

Por Daniel Nápoli

Nesta primeira semana de flexibilização, nenhum comércio foi autuado. Movimento foi intenso, principalmente na sexta-feira, dia de pagamento (Foto: André Roedel)

Na última segunda-feira (1º), seguindo com a flexibilização proposta pelo Governo do Estado, o comércio de Itu reabriu de forma gradual, com praticamente todas as lojas funcionando normalmente, porém com uma série de restrições, como limitação de pessoas no interior dos estabelecimentos, utilização obrigatória de máscaras, além do fornecimento de álcool em gel para funcionários e clientes.

Nesta primeira semana, a reportagem do Periscópio foi às ruas e constatou filas em estabelecimentos maiores, principalmente naqueles que suspenderam a cobrança de prestações durante o período de quarentena e, agora com o retorno das atividades, passou a receber as parcelas normalmente. Muitas pessoas também foram flagradas realizando compras. Nos pontos de ônibus também foi visto um aumento considerável de pessoas.

O JP ouviu comerciantes da cidade para saber o impacto financeiro causado pelo período de isolamento social e como está a retomada das atividades, bem como a expectativa de vendas. Sócia-proprietária de uma loja de roupas e acessórios situada na Rua Floriano Peixoto, Daniela Cristofoletti Giannetti fala sobre o período de inatividade de seu estabelecimento. “O impacto foi grande, assustador, porém a gente conseguiu a suspensão do contrato dos funcionários, através do governo. Não fosse essa ajuda, a gente não teria conseguido tocar”, relata.

Daniela, porém, destaca que, com o auxílio e compreensão, conseguiu atravessar o período. “Negociamos aluguel, taxas que a gente tem de despesas fixas, negociamos com fornecedores, a maioria foi compreensiva na medida do possível. Fiquei bem satisfeita com o desfecho que a gente conseguiu levar disso tudo, a gente está conseguindo levar dentro de um cenário mais tranquilo”.

Sobre a retomada do comércio, a lojista comenta que não está feliz com a volta, embora seja necessária. “Ficou uma situação insustentável economicamente. Não estou feliz que abriu, não sei se é bom ou ruim, a consequência a gente vai ver lá na frente, mas estou aliviada por mim e pelos colegas. Respeito o momento”.

De acordo com Daniela, os cuidados redobraram. “A gente levava 15 minutos para abrir a loja. Hoje, a gente leva meia hora para abrir para desinfetar a loja inteira e objetos de uso comum e tal. Na hora do almoço a gente fecha e desinfeta tudo novamente. Estamos orientando os clientes a utilizarem álcool em gel, a entrar de máscara e o tempo todo estamos higienizando as coisas, as cestinhas, estamos tentando trabalhar bem dentro das normas”, relata.

Proprietário de outra loja de roupas e acessórios também situada na região central da cidade (Rua Maestro Elias Lobo), Luis Ricardo Santana alega ter necessitado se reinventar durante a pandemia. Ele acredita que a retomada será lenta e muitos não suportarão, “seja pra ‘juntar os cacos’ de uma economia amplamente afetada seja pelo medo de um vírus silencioso, porém fatal em alguns casos”.

Sobre o movimento nesta primeira semana, Ricardo diz que foi bem abaixo da normalidade, acreditando que sobre uma retomada de fato terá de esperar “os índices de letalidade regredirem e só assim, poderemos raciocinar de uma melhor forma para tirarmos a economia ‘lama’”.

Edson Leite, proprietário de uma ótica situada na Rua Santa Rita, no Centro – que só conseguiu manter seu estabelecimento por meio da redução do aluguel e cortes de compras – viu o movimento aumentar em relação a dias “normais” antes da quarentena. “Está tendo uma procura maior, pois aqui é mais prestação de serviço. Estamos tomando os devidos cuidados por aqui e os clientes também estão respeitando”, comenta.

Gerente comercial de uma loja de cosméticos situada no interior de um supermercado no São Luiz, Elaine dos Santos Cardoso também falou ao JP. “Depois de alguns dias de portas fechadas, nós precisamos nos reinventar e, sem desrespeitar as regras vigentes naquele momento, conseguimos atender nossos clientes sem que eles adentrassem a loja”.

Mesmo assim, de acordo com Elaine, houve impacto no faturamento. “Claro que não conseguimos vendas tão expressivas como teríamos se tudo estivesse normal, mas na medida do possível foi bom. Temos que lembrar que uma das melhores datas para o comércio, o Dia das Mães, aconteceu durante esses dias de fechamento e isso com certeza afetou muito o faturamento do comércio como um todo”.

Com a reabertura, a gerente possui uma expectativa de melhora nas vendas. “Nesse momento de reabertura o nosso cliente está mais cauteloso, porém eles têm nos procurado. Acredito que pela data comemorativa do Dia dos Namorados também está impactando as pessoas. Elas já estão se antecipando”, diz.

Associação Comercial
A reportagem também esteve em contato com a Associação Comercial e Industrial de Itu (ACII), que informa que após o pronunciamento do prefeito Guilherme Gazzola, encaminhou e-mail aos associados com as orientações sobre a flexibilização, disponibilizamos no site www.aciitu.com.br o plano de monitoramento da Covid-19 e o Termo de Responsabilidade. “Também voltamos a atender associados e consumidores em nosso endereço: Rua Floriano Peixoto, 955 – sala 05 (galeria em frente ao Banco do Brasil)”, informa.

Já a respeito da situação em que o comércio retornou no que diz respeito a demissões e até mesmo encerramento de atividades, a ACII explica que realizou “uma pesquisa com as empresas associadas no mês de abril”, observando que “a maioria optou por dar férias aos empregados, outras empresas optaram  pela suspensão do contrato, outras por carga horária reduzida ou home office, mas nenhuma empresa que respondeu a pesquisa falou em demissão”.

A ACII informa que, como a pesquisa foi feita em abril, o “cenário pode ter mudado diante das dificuldades enfrentadas pelos empresários”. Quanto ao encerramento de estabelecimentos, a entidade não possui informações a respeito.

Ainda sobre a retomada e a expectativa de faturamento, a ACII diz esperar que antes de mais nada “as pessoas estejam bem e que os sistemas de saúde não estejam colapsados. Assim, vai depender muito do comportamento dos funcionários e clientes também, pois nos estabelecimentos comerciais sempre vemos todo o esforço para se manterem operando, colocando proteções para os caixas e atendentes, álcool em gel para todos delimitando a distância entre as pessoas”.

Shopping
Desde a última segunda-feira (1º), o Plaza Shopping Itu também retomou suas atividades, porém com uma série de restrições, como horário facultativo para as lojas (de segunda a sábado, das 12h às 20h; domingos e feriados, das 14h às 20h) praça de alimentação e cafeterias apenas disponíveis para retirada do pedido no balcão ou delivery.

Além disso, as restrições seguem com o uso obrigatório de máscaras, disponibilidade de álcool em gel e de termômetros digitais com laser e recomendação para a aferição de temperatura corporal nas entradas, além de acesso simultâneo de pessoas nas dependências do shopping limitado a, no máximo, uma pessoa a cada 4 m², com controle nas entradas.

Prefeitura
O JP também esteve em contato com a Prefeitura de Itu, que informou que nenhum comércio foi autuado nesta semana, tendo sido visitados aproximadamente 200 deles que, assim, estão cumprindo com as determinações estabelecidas em decreto municipal.

A fiscalização ocorre por meio do setor de Posturas da Secretaria Municipal de Obras, e pela GCM (Guarda Civil Municipal) em rondas por toda cidade, com foco principal no Centro, onde há maior concentração de pessoas.

A administração municipal acrescenta que a fiscalização pede o Termo de Responsabilidade assinado e protocolado e verifica se os protocolos sanitários estão sendo seguidos.