Como se Tornar o Pior Aluno da Escola

Por André Roedel

O polêmico humorista e apresentador Danilo Gentili incursiona novamente no mundo da sétima arte com Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, comédia baseada em seu livro homônimo e que ainda está em cartaz nos cinemas nacionais. O longa-metragem dividiu opiniões em seu lançamento, sendo mais marcado pelas diferenças entre Gentili e um jornalista da Folha de S. Paulo do que por conta de sua qualidade (ou falta de).

O filme tem muitas piadas engraçadas, alguns acertos visuais interessantes e uma ótima participação do veterano Moacyr Franco. Entretanto, incorre em erros comuns de produções nacionais e ainda tem o agravante de ter uma mensagem extremamente perigosa. Tudo bem que se trata de uma ficção, mas em tempos em que a censura bate à porta, uma cena em que um clássico literário como “Iracema”, de José de Alencar, é rasgado por um personagem não pega bem.

O longa-metragem traz a história de Bernardo (Bruno Munhoz) e Pedro (Daniel Pimentel), estudantes comuns de um colégio na capital que se deparam com um caderno antigo cheio de anotações e lições de como se tornar o pior aluno da escola. Então, eles vão em busca do autor do “guia” (Gentili) e passam a causar grandes problemas para o diretor do colégio, vivido por Carlos Villagrán (o eterno Quico do seriado mexicano Chaves).

Como dito, há alguns aspectos visuais e até narrativos que me agradam. Um dos pontos interessantes é uso de grafismos durante as cenas, emulando rabiscos de um caderno. Há um diálogo bacana entre os personagens de Villagrán e Gentili, que acabam quebrando a quarta parede. Porém, nada que compense diversos erros técnicos (como sincronia de áudio) e atuações paupérrimas.

Dirigido por Fabrício Bittar, o filme de roteirizado e produzido por Gentili se preocupa tanto em não cair no politicamente correto (aliás, faz questão de se posicionar como uma obra 100% incorreta) que acaba caindo em um problema ainda maior, na minha opinião: o da fórmula pronta. A estrutura do roteiro é simplória e com traços parecidos com o dos principais besteiróis americanos – mas sem o carisma destes, porém.

No geral, o filme deve agradar o público médio dos cinemas brasileiros. Ele é claramente voltado para aquele típico espectador que não se preocupa muito com os aspectos artísticos e mais profundos da obra, importando só com o riso no fim de uma piada. E também, certamente, irá agradar o público acostumado com o programa de Gentili no SBT e quem tem pensamento político semelhante ao do apresentador. Quem não se encaixar nesses padrões, provavelmente terá uma experiência dura por 1h44…

 

Nota:

 

 

 

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