Cuidando da saúde bucal infantil

A saúde bucal é muito importante para o bom funcionamento do corpo, já que a boca desempenha diversas funções que repercutem em todo o organismo. Além de exercer papel fundamental na fala, mastigação e respiração, a boca é a maior cavidade do corpo a ter contato direto com o meio ambiente, sendo a porta de entrada para bactérias e outros microrganismos prejudiciais à saúde.

Por isso, é necessário dar atenção aos cuidados com a saúde bucal desde cedo, procurando auxílio de um odontopediatra – profissional que faz o acompanhamento de crianças. São eles os responsáveis pela higiene não só das crianças que já têm dentinhos, mas também dos bebês.

Além disso, o tratamento para crianças requer cuidado especial. Os pequenos precisam de maior atenção e psicologia para que a visita ao dentista não vire uma tortura. O ambiente também deve ser atrativo, ajudando a criança a se sentir confiante e descontraída.

Chupeta e cáries: grandes vilões

Odontopediatra Ana Paula Verotti Laiko reforça a importância de se prevenir as doenças bucais / Foto – Divulgação

A cirurgiã-dentista e odontopediatra Ana Paula Verotti Laiko explica a importância de se atentar às fases do desenvolvimento bucal das crianças e os problemas que podem ocorrer por conta de certos costumes. “Durante o primeiro ano de vida a criança passa pela chamada fase oral. Neste período é assim que ela reconhece os objetos, querendo colocá-los na boca”, explica.      Isso leva a um problema: a chupeta. “Somos mais complacentes com a chupeta, que tem uma boa função calmante e não está totalmente contra indicada, porém deverá ser retirada até 2 anos e meio de vida para que não provoque maiores consequências na criança. Já o dedo, um hábito que nos parece tão ‘bonitinho’, provocará danos ainda maiores ao sistema estomatognático porque age com maior força, e o dedo não pode ser simplesmente jogado fora. Esse costume, sim, deverá ser evitado de imediato”, afirma.

Outro problema muito comum é a cárie. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, 56% da população brasileira apresenta a doença, índice que aumenta conforme a idade. “A cárie é uma doença multifatorial, de progressão lenta a média que destroem os tecidos dentais. Sua ocorrência determina principalmente pelo tipo de dieta e qualidade da higienização bucal”, explica Ana Paula. “É uma doença que leva à dor, perda da função e existem infecções que podem se tornar graves”, completa a profissional.

O desenvolvimento da doença está prioritariamente ligado à higienização inadequada e consumo em excesso de alimentos açucarados. “De origem infecciosa, a cárie dental não é considerada uma doença transmissível de indivíduo para indivíduo, já que as bactérias causadoras da doença começam a colonizar o meio bucal poucas horas após o nascimento de todo indivíduo, porém é transmissível de dente para dente”, ressalta.

“Num estágio inicial, o profissional muitas vezes consegue estabilizar o avanço da doença através de um procedimento conservador lançando mão de materiais remineralizantes e conscientizando o paciente e familiares, mas após a formação de uma cavidade, apenas o tratamento invasivo através de restaurações podem interromper a evolução da doença”, comenta a odontopediatra.

Um estudo desenvolvido pela Organização Européia de Pesquisa sobre a Cárie (ORCA) indicou que o acompanhamento profissional em crianças bem pequenas (entre 0-3 anos) pode diminuir em 69% a incidência de cárie dental. “As visitas periódicas realizadas de forma leve e conservadora esclarecem o profissional e familiares sobre os hábitos alimentares e de higiene da criança, fazendo com que esta consulta seja de crucial importância para o sucesso do acompanhamento”, finaliza.

Dicas de escovação

Mesmo que não tenham dentes, é preciso fazer a higiene da boca dos bebês. Até os seis meses, o mais indicado é fazer a limpeza da boca com gaze ou fralda de tecido seca ou umedecida com água filtrada, massageando a gengiva suavemente.

Depois do primeiro semestre de vida, existem modelos específicos de escova para cada faixa etária, basta checar a indicação na embalagem. A quantidade de cerdas, que sempre devem ser macias, e o tamanho da cabeça vão evoluindo de acordo com o aparecimento dos dentes. Confira dicas de como fazer a escovação nas crianças:

  1. Com a escova paralela à linha da gengiva, faça, durante dez segundos, movimentos circulares em grupos de quatro dentes;
  2. Em seguida, as cerdas devem deslizar da gengiva para a ponta dos dentes, inclusive na superfície interna deles;
  3. Escove os dentes do fundo com movimentos de vai e vem (trenzinho);
  4. Por fim, passe a escova nas bochechas e na língua, pois ali ficam bactérias capazes de causar mau hálito.

(Beatriz Pires)