“Depressão de Natal”: especialistas explicam como lidar com a sensação

Por Daniel Nápoli

Psicólogos aconselham pessoas que sofrem da chamada “depressão de Natal” / Foto: Divulgação

Enquanto muitas pessoas esbanjam felicidade com a chegada do Natal e do Ano Novo, outras atravessam as festas de final de ano acompanhadas de angústias, tristezas e saudades. A chamada “depressão de Natal” pode estar relacionada a uma série de fatores, com diferentes significados para cada pessoa.

Para Antonia Mignogna Mariano, de 73 anos, a data é uma mistura de sentimentos. “Natal para mim é cheio de lembranças, daquelas que doem causadas pelas ausências. Vazios que não se preenchem, pois foram deixados em mim por pessoas que amei, que amo e que amarei sempre”, diz a aposentada.

Antonia, viúva há dez anos, prossegue. “A tristeza que o Natal me traz se mistura com a sua magia. É difícil administrar essa mistura de sentimentos. Eu sinto a falta, a saudade, mas ao mesmo tempo sinto a paz de ter feito minha parte com cada uma delas. No meu Natal, antigamente, faltavam presentes; no de hoje, faltam presenças”.

Falecimentos recentes na família fizeram que o Natal perdesse o encanto para a estudante Ana Júlia Couto, de 18 anos. “Na verdade, o Natal foi perdendo o encanto para mim em 2016, quando meu avô de consideração (Manoel) faleceu. Não tinha mais clima para comemorar, ele era sempre o mais animado”, recorda.

“Esse ano de 2018 foi pior ainda, entre junho e julho perdi pessoas importantes da minha família. Primeiro, minha tia avó Cida, logo em seguida, minha bisavó Mercedes e por fim, meu avô (Sebastião), meu herói, que foi o pai que eu nunca tive presente e se foi uma semana antes do meu aniversário. Com a chegada do Natal é uma dor que não tem explicação. Não tem mais aquele brilho, aquele ânimo a partir do momento que começou a faltar pessoas na mesa”, desabafa.

O JP também ouviu os psicólogos Dr. Thiago Ribeiro Mori Bazzo e Dra. Ariane Mércia Pampolin Miessi, que comentaram a respeito de como lidar com os sentimentos e atravessar a data da melhor maneira possível.

“Se respeite, se dê um tempo e tente entender um pouco tudo o que aconteceu neste ano. Caso você tenha perdido alguém e a falta, a saudade, te consuma por dentro, se dê um tempo para viver essa dor. Não esconda aquilo que você sente. Chore, converse com as pessoas ao seu redor, tente sentir a saudade como uma memória boa de alguém que se foi de corpo, mas permanece com você em alguns atos, palavras e até naqueles sorrisos descontraídos”, diz Dra. Ariane.

A psicóloga ainda aconselha. “Abrace quem está do seu lado, perdoe aqueles que te machucaram, ame aqueles que estão por perto e aqueles que já não estão. Falam por aí que o motivo dos finais de ano são para que tenhamos a possibilidade da despedida e do recomeço. Então, se despeça e recomece, ainda dá tempo”.

Dr. Thiago também recomenda. “A esses que sentem o desamparo e dor do luto, recomendamos que utilizem o período festivo para se dedicar ao outro. Trabalho comunitário é sempre uma ótima opção, já que se trata de uma relação honesta e consciente frente àqueles que necessitam de amparo. É extremamente necessário frisar que o período festivo não se trata de comercialização de bens materiais, mas, sim, representa uma oportunidade de compartilhar afeto, união e desenvolvimento de vínculos humanos”, encerra.