Destaques da folia em Itu comentam como será um ano sem a realização do Carnaval

Tradicional, Bloco do “R” aguarda com ansiedade retorno dos dias normais e festivos (Foto: Arquivo)

O Carnaval, tradicional festa que ocorre anualmente antes da estação litúrgica de Quaresma (na religião cristã), neste ano não será considerado ponto facultativo em grande parte do Brasil, nas repartições e demais setores públicos, devido à pandemia de Covid-19.

No Estado de São Paulo não será diferente, com o feriado suspenso nas repartições e serviços públicos, que vão ter expediente regular nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro. Em Itu, por meio do decreto nº 3640/21, ficou estabelecido que haverá expediente normal nas repartições públicas municipais da administração direta e indireta.

Quanto a fiscalização durante o período, a mesma seguirá dentro das normas no Plano São Paulo. A administração municipal ainda reforçou que não haverá nenhuma ação presencial e nem virtual em relação ao Carnaval.

Muito se falou sobre o setor público, mas como ficará a situação de empresas privadas? Em entrevista à Jovem Pan, na última semana,

a advogada trabalhista Claudia Abdul Ahad explicou que é papel das instituições definir ou não uma folga para os funcionários.

“Se a empresa determinar que os empregados trabalhem, continuará o serviço normal. Se as empresas decidirem em manter o feriado e que os empregados descansarão, essas horas podem ser colocadas no banco de horas. Os empregados terão que trabalhar a mais em outros dias para compensar esse dia de ponto facultativo”, explicou a advogada.

Folia

Saindo da questão trabalhista e olhando para o lado festivo, o Periscópio esteve em contato nesta semana com nomes de destaque do Carnaval ituano, que em 2021 terão de dar uma pausa na folia.

Presidente do Bloco do “R”, José Mário Pierrone, mais conhecido como Zé Mario, comentou sobre o impacto da não realização da folia. “Primeiro pela tradição que o Bloco tem no Carnaval ituano, onde os batuqueiros esperam com ansiedade essa data e pela alegria das pessoas que nos prestigiam, esegundo pelo cachê que nós recebemos para o desfile, porque o Bloco não tem renda nenhuma durante o ano”, conta.

 Zé Mário explicou ainda que o Bloco do “R” não fará nenhuma ação interna. “Como a maioria dos componentes não é jovem, vamos respeitar o momento. A respeito da situação atual, temos que acatar a decisão e só lamentamos pelos componentes que esperam durante o ano inteiro e não vão poder festejar e também pelo cachê que vai nos fazer muita falta”.

 O presidente, no entanto, tem esperança. “A expectativa para o ano que vem é a melhor possível, esperamos que tudo já tenha sido resolvido e possamos fazer um grande Carnaval tanto para o público quanto para as entidades carnavalescas”.

 Marta Rosa Nascimento, presidente da Acadêmicos do Vale do Sol, uma das escolas mais tradicionais de Itu, com mais de 30 anos de existência, comentou à reportagem que em 2021 a escola silencia seus tambores no Carnaval. “Devido à pandemia, em respeito aos mortos, até pessoas de nossa velha-guarda que faleceram, respeitando essa fase que estamos”, declara.

“A Vale esse ano não tem nem condições financeiras de colocar o Carnaval na rua. A gente nem ensaiou, para respeitar esse momento. Desfilar ou fazer qualquer outra apresentação seria como sambar em cima do cadáveres, está muito pesada essa fase”, reforça. Porém, a presidente destaca que, em abril, pretende começar o ensaio da bateria mirim. “Esperamos até lá estar na fase verde (do Plano São Paulo), com o distanciamento e o uso de máscara, mas a gente já vai começar”.

  Marta comenta que a escola está com muitos projetos para 2021 e, dependendo da situação pandêmica, em abril planeja a realização da Festa de Ogum e, na sequência do ano, em 13 de maio, o Ato da Abolição, além de aulas de atabaque, capoeira e zumba e promoção de palestras.

 

Cati Williane possui trajetória de destaque no Carnaval ituano (Foto: Arquivo pessoal)

Passista há mais de 22 anos, tendo desfilado por escolas em Itu, São Paulo e também no exterior, a ituana Cati Williane, destaca que “deu um pouquinho de tristeza saber que não vai ter Carnaval”, mas diz ter consciência de que “não é o momento de se comemorar”.

 “Muito triste passar os dias de Carnaval sem poder mostrar a folia, a beleza, o encantamento do Carnaval, mas a gente entende o lado do Brasil passando por uma fase muito difícil, todos nós estamos, não teria nem lógica ter Carnaval com tantas mortes aí”.

A passista, que também é analista da qualidade, conclui com esperança. “Agora é esperar até que o meio do ano todo mundo esteja já vacinado”.

Impacto comercial

 A não realização da festividade impacta também financeiramente. O JP conversou com Rita Maria de Arruda Zacharias, sócia-proprietária de um camping da cidade (Fazenda das Pedras), que comentou a situação, dizendo que estão sentindo o impacto financeiro desde março do ano passado.

Rita explica que estão trabalhando atualmente com 40% da capacidade do camping. “Nós estamos trabalhando de acordo com os protocolos e esse ano não teremos Carnaval”, afirma a empresária, que também é esperançosa. “Estamos passando por essas adaptações e acreditamos que em 2022 vamos curtir o Carnaval com as famílias aqui no camping”, conclui.

Um comentário em “Destaques da folia em Itu comentam como será um ano sem a realização do Carnaval

  • 13/02/2021 em 16:10
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    Simplesmente ridículo se preocupar com Carnaval num momento desses.
    Deveriam se preocupar com Saúde e Trabalho
    José Eduardo Guinle

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