Em Itu há anos, desenhista Pedro Mauro irá lançar quadrinho na Comic Con em SP
O desenhista Pedro Mauro, 64 anos, reside na cidade há décadas. Nascido em Nova Europa, município do interior paulista com pouco mais de 10 mil habitantes, ele trabalhou por anos fazendo storyboards para agências de publicidade em São Paulo e até Nova York, nos Estados Unidos. Veio para Itu em busca de um ar mais agradável por conta de doenças respiratórias de sua primeira filha e seguiu trabalhando na área, mesmo como freelancer. Mas sua paixão sempre foram as histórias em quadrinhos.
Esse amor pela “nona arte” surgiu ainda na infância e sempre foi cultivado. Apesar de ser fã de personagens como Batman e Homem-Aranha, suas empreitadas nesse ramo foram sempre num gênero não tão popular: o faroeste. E é esse o tema de seu novo trabalho autoral, “Gatilho”, feito em parceria com o roteirista de Itu Carlos Estefan – hoje na Mauricio de Sousa Produções – e inspirado no western spaghetti de cineastas como o italiano Sergio Leone.
Na história, um caçador de recompensas chega a uma cidade abandonada em busca de justiça. Mas, para conseguir o que quer, precisará enfrentar muito mais do que o homem que procura… Terá que exorcizar fantasmas do passado. “Gatilho” (64 páginas, R$ 35) estará à venda no estande de Pedro Mauro na Comic Con Experience (CCXP), maior evento de cultura pop da América Latina, que acontece na capital paulista entre os dias 7 e 10 deste mês.
O artista recebeu a reportagem do JP para uma fluida conversa na manhã da última quinta-feira (30/11), no estúdio localizado em sua casa na cidade. Durante o bate-papo, Pedro falou de sua vida em NY. “Trabalhava de frente para o Empire States (um dos principais prédios da cidade americana). Aquilo inspirava quadrinhos”, disse em referência aos cenários comuns das HQs daquele país.
Novo começo
Sua entrada de vez para o mercado editorial, porém, foi tardia, já em 2007, através de conversas com grandes nomes brasileiros da atualidade, como Ivan Reis e Joe Prado. Decidido a focar em sua paixão, ele recebeu um convite do italiano Gianfranco Manfredi para desenhar uma nova série da Sergio Bonelli Editore – principal editora italiana de quadrinhos.
O convite, segundo Pedro, veio pelas redes sociais em que ele divulgava seus trabalhos e travava um “duelo artístico” com o colega Augusto Minighitti. “Não misturo as coisas, só uso o Facebook para trabalho”, reforça o artista, que tem inúmeras artes publicadas em seu perfil na internet. As portas foram se abrindo e, a partir daí, Pedro Mauro não parou mais. Fez trabalhos para a editora francesa Glénat e uma HQ de pirata com Estefan. “Mas queria fazer uma história nova”, afirma.
Foi quando a história de “Gatilho” começou a aparecer. Segundo Pedro, a química com o colega roteirista foi ótima. A dupla foi desenvolvendo a trama da HQ de uma forma não-convencional e mais orgânica, trocando ideias através de mensagens. Impressa na Igil Gráfica, a HQ pode ser reservada através do e-mail gatilhohq@gmail.com. Mas é melhor correr, pois os exemplares são limitados.
A história foi publicada de maneira independente, mas Pedro não descarta uma nova edição, por uma editora maior e até no exterior, onde o álbum deve sair com cores de Marcelo Maiolo – um dos principais coloristas do mercado. Ao fim da conversa, entre um café e muitas histórias, o artista deixa a dica pra quem quer seguir no ramo: muita dedicação.
“Não importa o prazo, tem que trabalhar bem e fazer o seu melhor. Se dedicar, estudar sempre. Desenho é muita observação. Se quiser fazer histórias em quadrinhos, não adianta apresentar desenhos soltos; é preciso narrativa, composição, saber contar uma história. Mercado tem, é você quem corre atrás”, afirma. (André Roedel)