Entrevista: Natalia Díaz Quintana

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Na última quarta-feira (28), a reportagem do “Periscópio” conversou com Natalia Díaz Quintana, deputada da Assembleia Legislativa da Costa Rica, país da América Central com aproximadamente 5 milhões de habitantes e pouco menor que o estado do Rio Grande do Norte. Ela passou o Natal em Itu juntamente com seu companheiro, o brasileiro Felipe Kirsch, cujos pais moram na cidade há anos.

Natalia, que é formada em Publicidade pela Universidad Latina de Costa Rica, falou ao JP sobre seu trabalho como deputada e sua curta – mas promissora – trajetória política. “Comecei aos 18 anos no partido (o Movimento Libertário) ajudando no grupo da juventude e depois eu fiquei com a vontade de participar das eleições nacionais”, declara a costa-riquenha em um português quase fluente.

Foi então que, em 2013, ela ganhou o direito, dentro de seu partido, de ser uma das candidatas à deputada. Lá na Costa Rica o sistema é diferente do nosso, pois se vota em lista fechada. Ou seja, o eleitor não vota diretamente no candidato, e sim nos partidos. Nas eleições de 2014, Natalia então foi eleita deputada, em 2º lugar pela província de San José, para o mandato que vai até 2018.

Com apenas 32 anos, a parlamentar defende a participação da juventude na política. “Acho importante que as pessoas jovens participem mais, porque, por exemplo, eu sou a segunda mais nova na Assembleia. A mais nova tem 28 e depois só tem pessoas com mais de 38 anos. Os mais novos não participam talvez por um problema cultural”, conta Natalia.

Pré-candidatura
Agora, a jovem política costa-riquenha terá um novo desafio, pois é pré-candidata à presidência de seu país. “Cansa ver as mesmas pessoas participando e o mesmo discurso sem que o país mude”, relata Natalia, que defende os ideais libertários – ou seja, um “Estado menor e mais eficiente”.

Natalia disputará a indicação com o fundador do Movimento Libertário (que nunca assumiu a presidência), Otto Guevara – que também é deputado e disputou as últimas quatro eleições presidenciais. Ele havia desistido de concorrer novamente, porém mudou de ideia recentemente.

“Ele falou que não queria mais, que já tinha ido quatro vezes e que teríamos que encontrar alguém para ser o candidato. Então eu comecei a pensar. Mas ele mudou de ideia, e esse é o problema agora (risos)”, explica Natalia. “Agora eu vou até o final, porque eu já falei que ia”, conta a deputada, que não irá abrir mão de disputar a indicação de seu partido.

Inspirações políticas
A costa-riquenha se inspira em figuras como o ex-membro da Câmara dos Representantes dos EUA Ron Paul, conhecido por seus princípios libertários, e Mart Laar, que foi primeiro-ministro da Estônia na década de 1990. “Ele fez reformas econômicas importantes que fizeram o país crescer. A Estônia é um país parecido com a Costa Rica, por isso que eu gosto”, explica.

Menos impostos
Natalia também falou ao JP sobre seu desempenho como deputada, cuja principal bandeira tem sido diminuir a burocracia da máquina pública e também reduzir os impostos. “A defesa do nosso partido é ‘menos impostos’. É a luta mais importante que temos agora, porque eles (governo) querem subir os impostos”, conta a parlamentar.

Ela também falou sobre um de seus projetos, que diminui por cinco anos a carga social que as empresas pagam ao governo por cada funcionário empregado. “É muito pesada essa carga, e é difícil então contratar pessoas ou abrir negócios por isso”, aponta. “Achamos importante tirar essas travas para as pessoas poderem fazer seus negócios facilmente”.

Concessões
Natalia apontou também que, caso alcance a presidência, fará concessões das diversas empresas públicas que a Costa Rica conta. “Dar os serviços para uma empresa privada que saiba fazer melhor, que tenha capacidade gerencial. O Estado não é eficiente para fazer essas coisas e é muito mais caro que empresas privadas”, explica a deputada.

Ligação com Itu
Natalia ainda comentou sua ligação com a nossa cidade. “O cunhado de Felipe mora na Costa Rica desde a década de 1980. E eu o conheci em 2006, porque ele estava no partido. E, há três anos, conheci Felipe em uma atividade”, explica. “Meu pai (Elmo Kirsch) é gaúcho, mas minha mãe é de Itu. Eu nasci no Sul, mas, aos 12 anos, viemos para cá”, conta Felipe, que é empresário e tem 29 anos. Esta é a segunda vez que Natalia vem para a cidade. “Eu adoro. O problema é o calor, porque aqui é muito quente”, diz a deputada, acostumada com o clima mais fresco da montanhosa San José.

Por André Roedel