ETE construída pela Contern apresenta “graves problemas estruturais”, diz CIS

Na última quinta-feira (08), o jornal sorocabano “Cruzeiro do Sul” noticiou que o Rio Pirajibu, afluente do Rio Sorocaba, recebe esgoto sem tratamento proveniente de Itu. Ainda de acordo com a matéria, dois pontos com descarte de dejetos foram constatados, sendo um no bairro Portal do Éden e outro no km 83 da Rodovia Castello Branco.

 De acordo com os relatos, nos dois locais o odor é muito forte e característico de esgoto. A reportagem também informa que, na região onde o esgoto in natura foi encontrado há uma ETE (estação de tratamento de esgoto) inoperante. A matéria completa pode ser conferida em bit.ly/esgoto-pirajibu.

  A referida estrutura é a ETE Pirajibu, que foi inaugurada em 2018 durante as comemorações do aniversário de 408 anos de Itu. Com aquela obra, a cidade alcançaria 100% de tratamento de esgoto. Porém, por problemas estruturais, a obra só foi acionada para testes e encontra-se em litígio judicial.

  Segundo a CIS (Companhia Ituana de Saneamento), a empreiteira Contern – contratada pela antiga concessionária Águas de Itu (uma subsidiária do frigorífico Bertin), e parte do mesmo grupo econômico – deu como entregue a obra da ETE do Pirajibu em 2014. Porém, ao assumir o sistema de saneamento do município em 2017, a CIS encontrou a ETE parada, inoperante e sem as devidas licenças.

  “Após regularizar a documentação da ETE e finalizar a manutenção dos equipamentos paralisados há cinco anos, a CIS colocou a estação em pré-operação em março de 2018, realizando testes de todos os equipamentos”, informou a autarquia ao JP. Concluídos todos os procedimentos para operar a ETE em segurança, foi iniciado o tratamento dos esgotos gerados pelos bairros Portal do Éden, City Castelo e Village Castelo.

  No entanto, rapidamente apareceram graves problemas estruturais nos tanques de pré-tratamento, aeração e nos decantadores (todos construídos pela Contern). Sendo assim, uma empresa foi contratada pela CIS para avaliação de todo o projeto e, de acordo com a autarquia municipal, foram encontrados erros graves no projeto aprovado por engenheiros da Águas de Itu. A Prefeitura de Itu e a CIS já estão tratando do assunto judicialmente.

 O JP também entrou em contato com a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que informou ter fiscalizado a unidade, “constatando que a ETE está inoperante e acompanha o caso, visto que serão necessários reparos significativos na instalação. A CETESB fará, nos próximos dias, uma nova vistoria na área”. A reportagem não conseguiu contato com a Contern, que entrou em 2017 com pedido de recuperação judicial.

Problema histórico

 A estrutura, que teria capacidade de tratar o esgoto de uma população de 60.000 habitantes, é um problema histórico do município. Em 2015, quando a Prefeitura determinou a intervenção da Águas de Itu, foi noticiado que as multas aplicadas à concessionária, como as decorrentes da não entrega da Estação de Tratamento de Esgoto Pirajibu, giravam em torno de R$ 3 milhões.

Em 2013, em uma audiência pública na Câmara Municipal de Vereadores, o superintendente da finada AR-Itu (Agência Reguladora de Serviços Delegados), Maurício Dantas, disse que já havia sido apresentado o projeto executivo da ETE, que estaria em operação até o final daquele ano – ainda sob gestão da Águas de Itu. A referida concessionária iniciou suas atividades em 2017, durante a gestão Herculano Passos.