Ilustrador ituano, Yves Domingos usa sua arte como forma de se manifestar

Por Nayara Palmieri

“Enquadro”, uma das obras do artista ituano que apresenta crítica social / Foto – Yves Domingos/Babylon

Através das redes sociais, um jovem ilustrador ituano tem se destacado com suas obras repletas de críticas sociais. Yves Gabriel Domingos, de 21 anos, e faz ilustrações desde os oito anos de idade; com auxilio do tio – também artista de rua –, aprendeu técnicas com pinturas, tintas, lápis, técnicas de sombras e perspectiva. Mas a cerca de quatro anos Yves tem utilizado mais a ilustração digital para divulgar seu trabalho. Em seu perfil do Instagram, intitulado Babylonartist, o jovem acumula mais de nove mil seguidores.

Apesar da pouca idade, Yves já carrega uma bagagem rica em experiências e parceria, inclusive com nomes conhecidos do meio artístico, como o ator e cantor Lucas Lucco – com quem trabalhou por dois anos –, o cantor de pagode Ferrugem, com rappers brasileiros como BK e Akira Presidente e com a plataforma de streaming de músicas Spotify.

Atualmente, vive totalmente de suas ilustrações, mas tem um projeto de criar sua própria marca de vestuário. O jovem artista conta que é muito ligado à moda – uma de suas influências é o designer de moda americano Virgil Abloh – e sonha com esse projeto a dois anos. Sua marca será voltada para o público streetwear, e não terá rótulos de gêneros.

Críticas sociais   

O artista diz buscar inspiração em seu cotidiano, amigos, nas coisas que gosta e acredita, em sua ideologia e no que vivencia no momento, sendo assim, não poderia deixar de usar a arte para expressar sua opinião. Há algum tempo, o jovem começou a usar suas ilustrações para demonstrar, de forma clara, sua opinião sobre assuntos polêmicos, como homofobia, racismo, feminismo e política.

Quando questionado se a arte é uma boa ferramenta para fazer críticas desse tipo, Yves responde que sim. “A arte serve para mim como manifesto de uma opinião do que acredito e também como uma forma simples de expressar o que eu gosto”, comenta. “As artes que eu faço que contém algum tipo de crítica se diferem muito de uma arte convencional minha sobre outro tema, justamente por conta do impacto. Isso tudo demonstra como posso ‘afetar’ o outro sobre determinado assunto, pois é isso que arte é, uma experiência mútua, de quem produziu e de quem consumiu o que foi produzido, e por isso que se torna uma ótima via para reflexão e critica, e desde sempre é assim com a arte”, continua Yves.

O jovem diz que, por sorte, tem um ótimo retorno dessas artes que têm uma bagagem crítica e isso o tranquiliza, pois mostra que seu público tem a ciência de todos os problemas e cada um sabe onde está inserido nessas questões, o que acaba sendo um incentivo para continuar produzindo essas obras.

Influências  

É notável a influência que os movimentos old school e vaporwave têm nas obras de Yves, que consegue harmonizar os dois estilos de um modo suave, valorizando seu modo único de produzir arte. Essas técnicas também foram usadas por artistas que o jovem admira, como nas artes de Jean-Michel Basquiat (1960 – 1988) – que assim como Yves, começou a desenhar ainda muito jovem, com três anos de idade – que ficou conhecido primeiramente por seus grafites espalhados pelas ruas de Manhattan e depois se destacou como artista neo-expressionista. E por Andy Warhol (1928 – 1987), famoso cineasta e artista norte-americano, conhecido como um dos maiores artista do movimento pop-art.

Para os que estão começando

Para finalizar, Yves deixa um recado para todos que têm interesse pela arte e querem prosseguir nesse ramo: “Arte no Brasil é extremamente desvalorizada. Todos os trabalhos que eu tive, com gravadoras, marcas de roupa, artistas, foram de um grande trabalho e esforço para conquistar espaço. A mensagem que posso passar para quem está começando com arte, design ou qualquer tipo de produção é que se renove, estude, se aprimore sempre, o esforço é grande, frustrações acontecem, mas o reconhecimento vai aparecer em algum momento, só não desanimar”, declara.