Estudantes voltam a protestar contra a falta de merenda

Na manhã de terça-feira, cerca de 150 estudantes das escolas Berreta” e ETEC “Martinho Di Ciero” foram até a Prefeitura. Manifestação foi pacífica.

protesto merendaA semana em Itu começou com protestos de estudantes por conta da falta de merenda na EE “Professor Antonio Berreta” e na ETEC “Martinho di Ciero” e suas extensões. Os atos aconteceram porque, de acordo com informações dos próprios alunos, eles – que tinham direito a três refeições no período escolar, compreendido entre 7h e 16h20 (café da manhã, almoço e café da tarde) – tiveram o lanche da tarde cortado e o almoço fracionado, sendo mantido apenas o lanche matinal.

O maior protesto ocorreu na terça-feira (26). Cerca de 200 estudantes se reuniram no “Berreta” às 7h e percorreram ruas centrais da cidade, entoando palavras de ordem como “onde está a nossa merenda?”, “em nossa escola não tem nada”, “nossos professores são desvalorizados”, além de carregarem faixas e cartazes. Os jovens também foram até o prédio da Prefeitura, onde permaneceram por cerca de uma hora.

Durante a manifestação, alguns dos estudantes comentaram sobre os problemas que enfrentam. “Temos outros problemas na escola, como falta de material, professores desvalorizados, dificuldades quanto ao passe escolar, mas nosso foco neste momento é a merenda. Ela foi fracionada. Nosso lanche da tarde foi cortado. Estão nos servindo o café da manhã, mas o almoço é fracionado. Se antes, por exemplo, eram servidos 20 kg de carne para serem divididos entre 300 alunos, hoje esse número caiu para 12 kg. Ou seja, os 200 primeiros que chegarem comem e o resto fica com fome”, diz o aluno do 3º ano do Ensino Médico do “Berreta”, L.F.G.P, de 17 anos.

Estudante da mesma instituição de ensino, a aluna do 1º ano do Ensino Médio I.L.A, 15 anos, explica como é o cotidiano dos jovens em meio ao problema. “Todos nós estamos nos ajudando, mas infelizmente a situação é preocupante. Não admitimos conseguir almoçar e ver um amigo nosso ficar sem a merenda. Por isso, os que conseguem pegar um prato de comida dividem com os que não conseguiram. Preferimos ficar todos com um pouco de fome do que uns satisfeitos e outros passando mal sem comida”.

Aluno do 1º ano da ETEC “Martinho Di Ciero”, G.H.F.S, 15 anos, afirma que amigos das escolas e extensões procuram se adaptar às dificuldades, mas existem muitos obstáculos. “Já tentamos levar marmitas para a escola, mas é proibido por segurança da própria escola, pois já levamos e a comida estragou. Poderia afetar a nossa saúde. Enquanto isso, vamos nos ajudando, dividindo a merenda”, relata.

Boicote

Também na terça-feira, os manifestantes deveriam fazer a AAP (Avaliação de Aprendizado de Processo), prova da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, porém, em virtude do ato, a avaliação foi boicotada pelos alunos. “Como podem nos avaliar em uma situação dessas? Decidimos não fazer a AAP, pois estamos reivindicando nossos direitos”, comentou a estudante do 3º ano do Ensino Médio do “Berreta”, M.A, 17 anos.

Reunião

Na Prefeitura, um grupo formado por sete alunos, representando os manifestantes, participou de uma reunião com a secretária de Educação Marilda Cortijo. De acordo com ela, no encontro foi acordado que a Prefeitura entrará em contato com o Governo Estadual para solicitação de verba para a merenda.

“Entrei em contato com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e será marcada uma audiência, onde pretendo, em conjunto com o prefeito Tuíze e os alunos, expor toda essa dificuldade para que a situação se normalize, pois a Prefeitura está recebendo a verba, sim, porém não é o suficiente para suprir o pacote de três merendas para todos os alunos. Estes estudantes estão em uma fase de suas vidas que precisam se alimentar e bem. Por isso há todo um cuidado que deve ser tomado”, declarou a secretária.

Outro protesto

Um dia antes (segunda-feira, 25), aproximadamente 150 estudantes das instituições de ensino afetadas com a falta de merenda realizaram um protesto em frente à Diretoria de Ensino. No local, um grupo de alunos participou de uma reunião com o dirigente regional de ensino Anivaldo Roberto de Andrade.   De acordo com o estudante S.M.M.J, 16 anos, do 3º ano do “Berreta”, os manifestantes foram informados pelo dirigente que a Prefeitura não está repassando o dinheiro para a Nutriplus, empresa responsável pela merenda escolar. “Eles estão recebendo dinheiro para três refeições, mas só estão repassando duas – o café da manhã e o almoço”, declarou o estudante, que participou da reunião.