Moradores da Vila Mariah criam grupo no WhatsApp para combater furtos

Vizinhos enviam alerta pelo aplicativo quando há qualquer movimentação suspeita nas ruas. Polícia Militar destaca importância da união comunitária

LUCAS GANDIA

Cansados dos frequentes furtos a residências, os moradores da Vila Mariah decidiram se unir para combater o clima de insegurança. Além das já tradicionais cercas elétricas e câmeras de monitoramento, a solução encontrada foi a criação de um grupo no aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp.

Apesar de ser um bairro pequeno, a Vila Mariah se tornou alvo de criminosos nos últimos anos. De 2013 pra cá, os moradores já contabilizam mais de dez ocorrências, incluindo furtos e assaltos. Agora, qualquer movimentação estranha é imediatamente comunicada entre os vizinhos. “Criamos esse grupo há cerca de um mês, pois precisávamos tomar alguma atitude. Há muitos terrenos baldios por aqui e, como o bairro tem fundos para a Rodovia do Açúcar, a fuga é facilitada”, conta um advogado que reside no local há quatro anos e teve a residência furtada há três anos e meio. “Levaram tudo, até roupas. Ainda deixaram bituca de cigarro na mesa e tomaram as cervejas que estavam na minha geladeira”.

Segundo o morador, que preferiu não se identificar por motivos de segurança, a ação dos criminosos é estratégica e possui sempre as mesmas características. “Os furtos ocorrem no meio da manhã ou da tarde, durante a semana, às quartas ou quintas-feiras. São os horários em que as pessoas geralmente estão trabalhando ou estudando. Nunca é de noite, nem de sábado e domingo”, ressalta.

Atenção total
Desde que o grupo do WhatsApp foi criado, quem sai para a rua está sempre de olhos bem abertos – e, ao perceber qualquer situação ou pessoa estranha, a suspeita logo é comunicada pelo aplicativo. Quem está dentro de casa, por sua vez, também faz sua parte. “Das outras vezes, os criminosos paravam com carretos na porta da casa e levavam tudo. Como estavam bem vestidos e não havia comunicação entre os vizinhos, achavam que era realmente uma mudança”, detalha o advogado. “Hoje, nos informamos até quando prestador de serviço de TV a cabo aparece”.

De acordo com o morador, a ideia não é substituir o trabalho da polícia, mas sim utilizar a tecnologia como aliada da segurança. “Acho que a iniciativa pode ser copiada por outros bairros, pois tem funcionado. Minha recomendação é que tomem cuidado com as pessoas que são adicionadas, pois, às vezes, o criminoso é alguém da própria vizinhança”, reforça. “É importante conhecer bem os vizinhos antes de inclui-los na rede”.

Orientações da PM
Questionada pelo “Periscópio”, a Polícia Militar informa que monitora diariamente a evolução criminal dos bairros de acordo com os registros das ocorrências. “No caso da Vila Mariah, só consta um furto à residência”, comunica.

A PM ainda destaca que o policiamento preventivo tem sido direcionado para o local e reforça algumas medidas que contribuem com o trabalho da polícia e a segurança. “Procure conhecer seus vizinhos e combinar medidas de auxílio mútuo, como sinais luminosos ou telefonemas. Quando for viajar, peça para que um vizinho ou amigo recolha sua correspondência, instale dispositivos automáticos para luzes externas e internas e programe aparelhos eletrônicos para serem acionados, sempre procurando dar a impressão de que sua casa está ocupada”, recomenda. “Quando souber de um crime ou pessoa que possa estar praticando delitos, denuncie 181, com sigilo absoluto. Também mantenha sempre à mão os telefones de emergência da Polícia”.