Itu e seu papel na Revolução Constitucionalista de 1932

Monumento em homenagem ao Tenente Sylvio Fleming na Praça Duque de Caxias (Foto: Mapa da Cultura)

Na última quinta-feira (09) foi lembrada a Revolução Constitucionalista de 1932. Diferente dos anos anteriores, a data que é feriado no Estado de São Paulo contou com atividades “normais”, uma vez que a “folga” foi antecipada em decreto do Governador João Doria (PSDB), como uma das medidas preventivas ao crescimento da pandemia do novo coronavírus e ao consequente incentivo ao isolamento social.

Para entender o motivo do feriado, obviamente é necessário entender a Revolução de 1932, que foi um movimento armado ocorrido nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, entre julho e outubro daquele ano, e tinha como objetivo derrubar o governo provisório do presidente Getúlio Vargas e convocar uma Assembleia Nacional Constituinte.

Dois anos antes, Vargas havia dado um golpe de estado ao liderar uma revolução, derrubando o então presidente da República Washington Luís, além de impedir a posse do sucessor eleito nas eleições de 1930, Júlio Prestes. Além disso, com a tomada do poder, Vargas fechou o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais, além de cassar a Constituição de 1891.

Itu teve participação efetiva na Revolução de 1932 por meio do 2º GAC L Regimento Dedodoro (então 4º RAM – Regimento De Artilharia Montada), que desempenhou função de apoio de fogo às tropas constitucionalistas na chamada “Frente Norte”, no Vale do Paraíba.

De acordo com informações fornecidas pelo Regimento Deodoro ao JP, 353 militares do 4º RAM saíram de Itu no dia 10 de julho e se dirigiram para São Paulo por via férrea. Na capital paulista, abasteceram com equipamentos, munições e armamentos e partiram dois dias depois para o norte do estado, no município de Lorena, no Vale do Paraíba, região que foi importante durante as operações da revolução. As tropas paulistas pretendiam atravessar essa região até o Rio de Janeiro, para depor Getúlio Vargas.

O 4º RAM desempenhou funções de apoio de fogo em diversas cidades do Vale do Paraíba, percorrendo as cidades de Lorena, Cachoeira Paulista, Silveiras, Jatahy, Areias e Santa Rita. Além dos militares, muitos civis se apresentaram para incorporação ao Regimento Deodoro. Os voluntários utilizavam uniforme militares com uma braçadeira verde-e-amarela, simbolizando a causa da luta democrática a favor da nação.

O 4º RAM, assim como todas as tropas que estiveram no conflito, sofreram baixas. No primeiro mês de batalha, o Regimento Deodoro contou com oito mortos e 32 feridos. Entre os falecidos, o 1º Tenente Sylvio Fleming, que morreu no dia 21 de agosto em decorrência de ferimentos sofridos em combate.

Fleming acabou dando nome a uma rua na região central da cidade de Itu, que faz ligação com a Rua Floriano Peixoto. Além desta, outras vias da cidade lembram a Revolução Constitucionalista de 1932, entre elas a Avenida  Nove de Julho, que liga os bairros Padre Bento, Alberto Gomes e Parque Nossa Senhora Aparecida, e a Rua MMDC, situada no bairro Vila Nova, em homenagem aos jovens manifestantes paulistas Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, que foram mortes por tropas federais ligadas ao PPP (Partido Popular Paulista), um grupo político-militar sustentáculo do regime de Vargas, durante manifestação ocorrida em 23 de maio de 1932.

Apesar da derrota militar do movimento, algumas de suas principais reivindicações foram obtidas posteriormente, como a nomeação de um interventor civil e paulista, a convocação de uma Assembleia Constituinte e a promulgação de uma nova Constituição em 1934. Atual comandante do Quartel de Itu, o Tenente-Coronel Clayton Ricardo Pontes comentou ao Periscópio a respeito da participação do corporação na Revolução.

“A história dos bravos soldados de Itu que lutaram na Revolução de 1932 deve ser eternizada na memória do povo paulista. Soldados que abandonaram o conforto de seus lares para embarcar em uma árdua jornada em favor do nosso maior bem civil, a democracia. Heróis que entregaram-se ao combate nas trincheiras, matas e rios do solo paulista para lutar em favor do Brasil. Sendo assim, são dignos das honras, glórias e orgulho propostos pela data comemorativa de 9 de julho”.