João, o Maestro

Por André Roedel

Antes do maestro, o pianista. Antes do pianista, o ser humano. João, o Maestro, filme nacional que estreia na próxima quinta-feira (17) se propõe a mostrar o homem por trás do já ídolo nacional João Carlos Martins. Transformando uma interessante história de vida em um ótimo drama biográfico, o filme dirigido por Mauro Lima cativa e encanta todos os públicos.

Quem conhece a trajetória do maestro vai se emocionar. Quem não conhece, vai querer conhecer mais sobre esse talento nacional. E quando um filme consegue fazer isso, é porque é bom. É claro que o longa-metragem não é perfeito. Tem seus defeitos e suas pieguices típicas de obras nacionais. Mas não faz feio e se equipara a grandes cinebiografias do cinema norte-americano.

O filme é dividido em três atos: infância, juventude e vida adulta do músico que, logo quando criança, já demonstrava seu talento único. O trecho infantil é o mais fraco de todos no quesito atuação, apesar de importante para mostrar as motivações de João Carlos. A coisa melhora quando Rodrigo Pandolfo entra em cena. Interpretando o maestro na juventude, ele traz nuances interessantes ao então pianista novato, mostrando a excentricidade do personagem.

E a qualidade da atuação melhora ainda mais no terceiro ato, quando Alexandre Nero encarna João Carlos. Um dos mais talentosos atores da atualidade confere um charme todo especial ao maestro, aprofundando camadas exploradas no segundo ato por Pandolfo. Um show de atuação e domínio de cena.

Pra melhorar, o filme conta com um roteiro bem ajambrado, que acerta nas idas e vindas temporais em sua maioria e mostra o desenrolar da história de vida do maestro sem subestimar a inteligência do espectador. Vale também destacar o belo trabalho de caracterização dos personagens e de ambientação. Muita coisa foi fielmente recriada para que fôssemos transportados para o passado.

João, o Maestro é um filme que segue uma estrutura narrativa de qualidade para contar a história, que sabe dosar a emoção e os momentos de descontração – o episódio de João Carlos com as prostitutas no Uruguai é hilário – e que tem a seu benefício a força de uma biografia que merecia há muito tempo virar um grande filme.

Um filme indicado para todos os públicos, principalmente àquele que gosta de música clássica e todo o trabalho que o maestro vem executando para que mais e mais crianças e adolescentes possam apreciar uma obra de Bach, por exemplo. Vale o ingresso.

 

Nota:

 

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