Mais empatia, por favor!

Por André Roedel

Segundo o dicionário Michaelis, empatia é a “habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa”. Basicamente é o ato de compreender os sentimentos do próximo, agindo com respeito e generosidade. A empatia é um dos sentimentos que deveriam fazer parte da base de toda a sociedade – principalmente a brasileira –, porém não é o que tem sido visto ultimamente.

Nos últimos dias, foi noticiado que o jogador de futebol Roger, do Botafogo do Rio de Janeiro, postou uma foto ao lado do deputado federal Jair Bolsonaro numa rede social e acabou sendo atacado por opositores do político. Alguns, segundo reportagem de portais de notícia como o UOL, desejaram a volta do câncer renal que o atleta enfrentou recentemente apenas porque este publicou uma imagem junto do polêmico pré-candidato a presidente do Brasil.

A empatia caberia nesse momento, porém não foi o que ocorreu. A ideologia política falou mais alto, e nesse momento de ódio e revolta além da conta, a compreensão foi deixada de lado. Também sou contra o pensamento de Bolsonaro, acho ele um político despreparado e com pensamentos perigosos para governar uma nação, mas jamais desejaria uma doença tão devastadora quanto o câncer a ele – muito menos a mero apoiador de sua candidatura.

Outro exemplo recente de como a empatia está cada vez mais escassa foi o trágico atentado terrorista na capital da Somália, Mogadíscio, no último final de semana. Mais de 300 mortos já foram registrados após ataque do grupo Al Shabab. Desta vez não surgiram comentários desagradáveis como no caso do jogador Roger. Aliás, não surgiu nada: por muitas horas ninguém sequer se expressou sobre tamanha barbárie.

Nenhuma hashtag bonita na internet, nenhuma moldura de apoio da foto de perfil nas redes sociais, nenhuma campanha de apoio envolvendo artistas e celebridades no geral. Enfim, um silêncio retumbante. Aos poucos algumas vozes começaram a falar mais alto e surgiram manifestações de apoio do povo como um todo.

Muito diferente aconteceu em casos como os atentados na França e nos EUA, que depois de poucos instantes viraram os assuntos do momento nos principais veículos de comunicação. É claro que nesta comparação é possível debater mais a fundo sobre outros pontos, como a negligência da imprensa mundial e o racismo, mas acredito que se a empatia fosse um sentimento mais usual, teríamos uma comoção maior.

Não que isso fosse reverter o triste episódio na história do povo somali. Porém, eu tenho a sensação de que nosso mundo seria muito mais respeitoso e menos violento se a empatia fosse praticada com mais frequência. E aí cabe um exercício: comece a se colocar no lugar do outro mais vezes. Inicie primeiramente em ações rotineiras de seu dia a dia, como tratar os outros como você gostaria de ser tratado, aprender a ouvir mais e compreender os sentimentos e emoções dos demais que o cercam.

Afinal, “empatia é a chave para a sobrevivência da humanidade”. E a afirmação não é minha; é de Anita Nowak, professora na Universidade McGill, no Canadá. “Estamos diante de um conjunto de crises sociais e ambientais sem precedentes. Estamos cercados por problemas”, afirmou ela numa conferência nos Países Baixos em 2014;

Segundo ela, “engajar-se em uma ação empática tem implicações positivas para o eu e a sociedade”, pois “estar a serviço dos outros acende as mesmas áreas de recompensa do cérebro que a cocaína, a heroína e o sexo”. A professora canadense vai além: “A empatia é a força mais poderosamente perturbadora do mundo, só fica atrás do amor”. Então, parafraseando a frase que virou meme na internet, por mais empatia, por favor!