Marcos Amaro fala sobre a exposição de Tarsila do Amaral no FAMA Museu

Saci e três estudos de bichos (1925), grafite e aquarela sobre papel (Foto: Divulgação)

No último dia 14 de novembro, o Periscópio acompanhou a reabertura do FAMA Museu após meses fechado por conta da pandemia. Com a retomada, três exposições foram iniciadas, com destaque para “Estudos e Anotações”, que reúne centenas de desenhos da artista brasileira Tarsila do Amaral – que está cada vez mais pop.

Marcos Amaro, empresário e artista plástico responsável pelo espaço localizado na antiga Fábrica São Pedro, falou à reportagem sobre esse status cada vez mais presente da pintora no cotidiano. Os desenhos expostos são quase que inéditos, pois a última vez que foram mostrados ao público foi há 50 anos.

“Eu acho maravilhoso para a nossa arte como representação máxima, talvez, da nossa cultura dentro das artes visuais. O próprio modernismo, a Semana de 22 e as obras antropofágicas, mas tão importante quanto são esses desenhos, essa produção de caráter mais próprio da artista no sentido de revelar aspectos da intimidade, da trajetória e da cronologia”, relata Amaro.

Ele concorda com a afirmação de que a exposição de Tarsila pode abrir o museu para outras pessoas e quebrar um pouco da resistência do público em geral com a arte contemporânea. “Acho que essa colocação é muito pertinente. Inclusive a exposição ‘Aproximações’, que nós fizemos no passado e que infelizmente não foi tão propagada em São Paulo, inclusive, tinha muito a ver com isso, de mostrar o acervo mais moderno da FAMA para que a gente pudesse dialogar com o público. Por se tratar de uma artista mais pop, ela pode nos ajudar a trazer pessoas que de fato não estão tão acostumadas com arte contemporânea”, opina.

O artista plástico também comentou sobre o momento de pandemia e como ele “colaborou”, de certa forma, com o seu pensar artístico. “Foi um momento muito, diria, prolífero no sentido de criação e trouxe muito entusiasmo. Trouxe também uma necessidade de criação no sentido interno, porque como a gente não podia se relacionar muito com as pessoas, eu acho que acabou nos obrigando no sentido de se voltar dentro de si mesmo”.

Mesmo ainda em momento de incerteza por conta da Covid-19, Amaro pensa no futuro de seu museu. “A gente pensa em ocupar antigos galpões, em fazer a nossa sala de concertos nos próximos dois anos. Nós queremos fazer uma sala de concertos de pelo menos 600 lugares, que é o nosso objetivo. Além disso, temos a intenção de também fazermos mais espaços expositivos, para que a gente possa mostrar o nosso acervo na totalidade. E também criar uma hospedaria que possa vir a abrigar também pessoas de fora, colecionadores, entusiastas e pessoas que queiram se hospedar dentro da fábrica e ter uma experiência mais visceral”, conta.

Exposições – Além de “Estudos e Anotações”, o público pode conferir as exposições “Rejeito”, de Marcelo Moscheta, e “Ontologias”, de Marcos Amaro, Kandro e Cabral. Desde sua reabertura, o FAMA Museu tem seguido protocolos de segurança sanitária, com público reduzido. Para agendar uma visita e obter mais informações, acesse famamuseu.org/visitasegura. O horário de funcionamento é das 11h às 17h, de quarta a domingo. A entrada é gratuita, com exceção da mostra de Tarsila do Amaral (R$ 10 inteira).