Marcos Moraes critica autor de livro sobre drogas na palavra livre

Durante a palavra livre da sessão de terça-feira (22), o vereador Dr. Marcos Moraes (PSL) teceu críticas ao neurocientista Carl Hart, da Universidade Columbia, em Nova York (EUA), que está lançando o livro “Drogas para Adultos” pela Editora Zahar (do grupo editorial Companhia das Letras). O edil, que fez questão de esquecer o nome do autor, chamou a obra de “lixo literário” e que faz “apologia às drogas”.

O parlamentar ituano fez o comentário após leitura de uma matéria da “Folha de S. Paulo”, onde Hart defende que ‘usar drogas faz parte do direito a buscar a felicidade’. Moraes chegou a pensar em propor um repúdio à “Folha”, mas José Galvão (DEM) comentou que o jornal representa a totalidade, sendo que a moção deveria ser destinada ao autor. Já Normino da Rádio (Cidadania) disse que um jornal que abre espaço a esse tipo de conteúdo também merece o repúdio.

“Nós temos que defender a nossa família”, disse Moraes. O tema foi um dos mais comentados pelos parlamentares ituanos, já que um dia antes da sessão ocorreu, em Sorocaba, no Parque Tecnológico, o Fórum Permanente de Mobilização Contra as Drogas, organizado pelo Ministério da Cidadania em parceria com a Prefeitura daquela cidade. Cinco edis, inclusive Moraes, participaram do evento.

Maria do Carmo Piunti (PSC) lembrou, em aparte, que a maioria da população não aprova a liberação das drogas, e por isso mesmo o Congresso Federal não vota um projeto nesse sentido. “É possível que muita gente use esse lixo literário para fazer apologia da liberação das drogas”, comentou. Já Célia Rocha (PL) destacou o trabalho feito pela rede de educação no combate aos entorpecentes, ensinando as crianças desde cedo.

Repercussão

O assunto foi comentado por outros políticos e autoridades Brasil afora, como o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que também reagiu nas redes sociais ao depoimento de Carl Hart (que é negro), o chamando de “viciado”. Por conta da repercussão, o Grupo Companhia das Letras manifestou apoio ao neurocientista “pelo ataque difamatório e negacionista sofrido nas redes sociais”, que seria liderado por Camargo.

 “Carl Hart é um dos mais respeitados especialistas da atualidade nos efeitos das drogas e seu trabalho é reconhecido mundialmente”, diz a nota publicada pela editora, afirmando ainda que Hart é “incansável também no questionamento da relação que habitualmente se faz entre consumo de drogas e criminalidade, um flagelo que só contribui para que o ciclo de discriminação racial, marginalização e mortes se perpetue”.

“Estamos ao lado da ciência, da pluralidade e da liberdade”, finaliza a nota. A matéria publicada pela “Folha” é de autoria de Paula Leite e foi publicada na edição impressa da última segunda-feira (21). Na reportagem, Hart divulga seu novo livro e afirma, entre outras coisas, que a divisão artificial de substâncias entre mais ou menos danosas serve ao racismo. Para ler e tirar suas próprias conclusões, acesse: bit.ly/35TTL9r.