Moradores do “Pedra da Paz” protestam na Câmara

Ocupantes do antigo cemitério pediram prazo maior para a operação de reintegração de posse. Sessão foi suspensa

A Câmara Municipal foi palco de um novo protesto nesta segunda-feira (22). Na oportunidade, cerca de 150 pessoas que ocupam a área do antigo cemitério particular “Pedra da Paz”, localizada na estrada velha “Itu-Salto” e que está invadida desde 2013, se manifestaram contra a operação de reintegração de posse e cobraram medidas do Poder Público Municipal.

Os moradores carregavam cartazes em que manifestavam a preocupação com o futuro deles após a retirada dos mesmos do local. O presidente do Legislativo José Galvão (DEM) então suspendeu a sessão para receber uma comissão formada pelos cidadãos (assim como fez no protesto do EJA) e, então, se reuniu com eles e mais vereadores.

No gabinete da presidência, um grupo de moradores explicou aos edis a situação que enfrentam. Segundo determinação judicial, eles têm até metade do mês que vem para se retirarem do local. Por conta disso, pediram que os vereadores ajudassem numa solução, seja conseguindo um novo lar a eles ou estendendo o prazo para a desocupação.

Diversos edis explicaram que, por se tratar de uma decisão judicial, não podem fazer nada para impedir que ela seja cumprida. “Mesmo nós vereadores estando solidários a essas mais de 700 pessoas que vivem no local e serão despejadas, como legisladores não temos poder para passar por cima de uma decisão da Justiça, já julgada, que aguarda apenas a data para ser executada”, apontou o vereador Reginaldo Carlota (PTB).

O vereador Givanildo Soares (PROS) então apresentou uma proposta de todos assinarem uma petição pedindo que o Ministério Público conceda um prazo maior, de até um ano, para que essas famílias tenham mais um tempo para arrumar onde ficar. O pedido foi acatado e deve ser formulado em breve.

O presidente da Câmara também deixou claro que não é intenção dos vereadores enganar ninguém. Sendo assim, não existe garantia nenhuma de que o pedido será atendido pelo Ministério Público ou mesmo pelo dono do terreno.

Galvão também questionou os moradores se o departamento de Habitação Popular, na gestão anterior, realizou cadastro das famílias residentes no “Pedra da Paz”. A resposta foi negativa. O presidente fez essa questão porque moradores da antiga favela do Novo Itu foram cadastrados e foram sorteados para os apartamentos populares dos conjuntos habitacionais Alpes I e II.

 

Preocupação

Os moradores do antigo cemitério estão preocupados com a operação de reintegração de posse. Segundo o pedreiro José Miranda dos Santos, de 30 anos, residente no local há dois anos, ele e sua esposa não têm para onde ir. “A preocupação é muito grande. As pessoas estão desesperadas, não têm para onde ir, não têm condições de pagar um aluguel. Está difícil, as pessoas não conseguem emprego. A situação é horrível”, aponta o alagoano.

De acordo com Miranda, a manifestação foi realizada para que os vereadores possam os ajudar. “Nós estamos, na verdade, no fundo do poço”, explica o pedreiro, que pede ao Poder Público que ceda um terreno para eles. “Dar um terreno pra gente construir, da mesma forma que construímos lá (no cemitério)”, clama.

Miranda também declara que, hoje, o local conta com bem mais moradores do que o número oficial. “Falam 700 pessoas, mas tem muito mais. Creio que tenha umas mil e poucas pessoas”, comenta. Os moradores devem realizar novos protestos, dessa vez na Prefeitura, para pleitear uma solução para esse problema. “Creio que nós vamos conseguir, em nome de Jesus”.