Natal 2020: Uma celebração diferente de todas

Natalina Pereira este ano passará o Natal longe de seus filhos, noras, netos e afilhadas (Foto: Arquivo pessoal)

Nesta sexta-feira (25) comemora-se o Natal, que tradicionalmente, é um período em que famílias se reúnem em suas casas, compartilhando o amor e a esperança por dias melhores. Em 2020, devido à pandemia de Covid-19, muitas pessoas que não residem juntas terão de passar a data longe de seus entes queridos.

Um ato de amor e resiliência para que momentos como os que se deram até o Natal de 2019 possam ser repetidos pelos próximos anos. É nesse clima que o Periscópio entrevistou três famílias residentes em Itu que irão “quebrar” a tradição de Natal para seguir com os devidos cuidados de prevenção à Covid-19.

A artesã Natalina Pereira, de 70 anos, devido à idade, faz parte do chamado grupo de risco da doença. “Me reúno com meus filhos, nora, netos e afilhadas. Esse ano, eles estão me preservando. Não vamos nos reunir. Será cada um na sua casa, porque esse vírus está aí fazendo vítimas”.

Para Natalina, o Natal deste ano, servirá como reflexão e apesar do período difícil, de agradecimento. “O mundo está passando por uma transformação. E graças a Deus eu e minha família estamos bem e a palavra-chave é gratidão. Solidariedade e mais amor com o próximo”. A artesã olha o futuro com esperança. “Tenho fé que essa pandemia já esteja menos agressiva e que todos nós possamos estar juntos e nos abraçar nas reuniões familiares”.

Para aproveitar os próximos Natais, Nathane Agostini e família irão se resguardar (Foto: Arquivo pessoal)

A família da jornalista Nathane Agostini, de 24 anos, também está priorizando a saúde e a segurança. “Não vamos nos reunir com nossos familiares para o Natal e nem para o Ano Novo, decidimos passar em casa mesmo, só meus pais, meu irmão e eu, que moramos juntos”. Nathane reforça. “Por mais triste que seja, sabemos que é mais importante que todos fiquem seguros para que possamos passar muitos outros natais reunidos”.

A historiadora e educadora Fernanda Morais, de 30 anos, recorda. “Em minha família, não precisamos de datas especiais para aglomerarmos. Seja no café da tarde aos domingos na casa da tia Nilza, na singela Sexta-Feira Santa, ou na abundância e profusão de pratos e sabores do Natal, a pedida é juntar todo mundo em volta da mesa e a felicidade acontece”.

Fernanda Morais e sua família, com segurança não deixam o espírito natalino de lado (Foto: Arquivo pessoal)

De acordo com Fernanda, o Natal em sua casa é o momento em que ela e seus pais vão para a cozinha, para que possam se conectar com suas tradições, “enquanto a faca movimenta-se apressada fazendo o mise en place e os aromas natalinos preenchem cada cantinho da casa”. “Nós aproveitamos para lembrarmos histórias, a infância humilde dos meus pais, sem os luxos que hoje podemos desfrutar, a minha infância na estrada, viajando e conhecendo lugares diferentes”, relembra a historiadora.

Ainda sobre os natais, Fernanda explica que ela e os pais, algumas vezes, recebem os familiares em casa e em outras ocasiões, “caem na estrada” na casa de familiares. Já sobre 2020, a educadora comenta. “Este ano, não viajaremos, sequer reuniremos todas as famílias Morais, Alves, Massuia, Garcia, Volpi, Spina… Sinceramente, não sabemos ao certo como será o Natal sem a criançada correndo, os primos tocando violão e cantando música, os drinks sendo preparados”.

Apesar da mudança, Fernanda e seus pais não deixam o “espírito natalino” isolado. “Independente de tudo isso, como sempre, mamãe, papai e eu escolhemos as receitas que vamos preparar. Esta semana irei ao supermercado buscar os ingredientes, que serão limpos e esterilizados antes de começar o ritual do dia 24”.

Fernanda aproveita para deixar uma mensagem para outras famílias. “Mesmo diante de um ano tão difícil que vivemos, o espírito natalino continua em nossos corações, esperamos que todos possam apreciar esta data, independente da sua religião, e se for seguro, possam permanecer ao lado dos que amam”.

“Seguiremos assim, vibrando pela vinda da vacina, para que em 2021 possamos aglomerar todo mundo em volta da mesa e recuperarmos o ano perdido”, conclui com esperança.