O Sistema híbrido no retorno às aulas

*Prof. Dr. Valmor Bolan

O Governador do Estado de São Paulo, João Dória, decidiu pelo retorno às aulas presenciais em todas as escolas estaduais. Mas a Secretaria de Educação comunicou que 75% das escolas funcionarão no sistema híbrido (presencial e remoto), com rodízio de alunos, que frequentarão as aulas em dias alternados. Segundo o Secretário Rossieli Soares, somente em novembro será possível viabilizar o retorno das aulas inteiramente presenciais. Mesmo assim, com as incertezas provocadas pela variante Delta, não se sabe ainda como ficarão as aulas até o final do ano. São quase dois anos afetados pela pandemia, e nem todas as escolas estão devidamente equipadas para desenvolver as atividades online. Por isso, o sistema híbrido e com dias alternados parece uma saída para evitar danos ainda maiores, tendo em vista que muitos alunos não conseguiram o rendimento que se faz necessário, com as atividades remotas. 

É preciso um planejamento e uma organização para que o sistema volte a funcionar mais satisfatoriamente a partir do ano que vem. A maioria dos educadores sabe que não é suportável mais um ano sem aulas presenciais. Mesmo no sistema híbrido, a escola precisa voltar a realizar as suas atividades. Todos sabem dos enormes desafios pela frente, mas que devem ser enfrentados com disposição, criatividade e responsabilidade. Os professores e demais profissionais da Educação devem receber mais investimentos em capacitação, para saberem lidar com as novas demandas. O importante é que os alunos não fiquem desassistidos. Nesse sentido, o papel dos pais é também relevante, para ajudar os filhos nas respostas necessárias aos desafios existentes. Toda a Educação é chamada a encontrar soluções, para equacionar os problemas que surgiram, preservando a missão de propiciar o desenvolvimento de cada aluno, no melhor de suas potencialidades. Por isso, é preciso uma convergência de esforços para que essa missão seja cumprida, apesar de todas as dificuldades decorrentes da crise sanitária, em nível mundial. Cada país vem procurando as respostas mais adequadas, cada um dentro de sua realidade local, mas o importante é que todos os meios estão sendo utilizados para viabilizar o retorno às aulas, evitando assim maiores danos. 

Experiências bem sucedidas, nesse sentido, podem ser compartilhadas em fóruns especializados, nas redes sociais e em publicações, para que professores e demais profissionais da Educação encontrem alternativas. Os pais devem também acompanhar as atividades dos filhos, procurando dar suporte que permitam superar os obstáculos do momento. O sistema híbrido parece ser o mais viável, atendendo assim as demandas. Como nem todos estão em condições adequadas de desenvolver as atividades educacionais online, permitiria que as aulas presenciais, com menos alunos, em dias alternados, respeitando os protocolos sanitários, seria a forma possível para que as aulas retornem, adaptando cada escola com o formato que melhor corresponde á sua realidade. De qualquer modo não seria possível também impor um sistema inteiramente online, porque a internet pode ser muito bem aproveitada quando ajuda os professores no exercício de suas atividades, mas não substituindo-os. Essa proporção deve ser alcançada, aos poucos, para que a Educação mantenha o seu aspecto de sociabilização e humanização. 

*É Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.