O velho do novo

Por André Roedel

 Lembro até hoje do sentimento que tomou o eleitor ituano após o pleito de 2016, que renovou 11 das 13 cadeiras da Câmara (isso sem contar o Executivo): “ufa, enfim mudança”. E de fato ela aconteceu. Desde o dia 5 de janeiro deste ano, quando foi realizada a primeira sessão extraordinária para a criação da CIS (Companhia Ituana de Saneamento) e a aprovação de inúmeros projetos de autoria do prefeito, o novo Legislativo tem mostrado um diálogo maior que o anterior.

Porém, com o andar da carruagem, os vereadores foram “relaxando”. E o que foi um primeiro semestre cordial, com sessões produtivas e atrativas ao público, deu lugar a um segundo semestre com diversos embates desnecessários e “picuinhas” que não levam a nada. Pra piorar, nas últimas sessões era um tanto evidente a expressão de “não vejo a hora que este ano acabe” nos semblantes dos edis.

Além disso, o que se viu nas sessões finais do ano foram os vereadores – tanto de oposição quanto de situação – utilizando de expedientes que eles mesmos abominavam antes de suas vitórias nas eleições. Rejeição de requerimentos, desconhecimento de projetos que estão sendo votados e a espetacularização das sessões, fazendo do plenário um grande palco, foram alguns dos problemas constatados por muita gente que comparece à Câmara com certa frequência. Nos bastidores do poder, a velha política também pareceu reinar.

Na sessão realizada ontem, em que foi escolhida a nova mesa diretora da Câmara, muita discussão foi vista. Tudo poderia ser resolvido em uma conversa simples, com respeito para com os colegas e a população, mas não foi o que aconteceu.

Agora eleito presidente, Mané da Saúde (PRB) assumiu um compromisso com a transparência – o que é muito necessário quando falamos de um órgão público. É necessário, também, que ele pregue uma harmonia maior no legislativo, pois a população está cansada de bate-boca e quer ver sessões apenas com discussões de projetos.

Temos mais três anos de legislatura pela frente. Ao longo de todo esse período, o cidadão poderá acompanhar e fiscalizar mais os nossos fiscalizadores – o que não ocorreu esse ano. Mesmo com a mudança de horário, os trabalhos legislativos foram pouco acompanhados pelo povo de Itu.

E a participação popular é mais do que necessária. Ainda mais se for da vontade do povo que a Câmara não aumente o número de cadeiras de 13 para 19, como vem sendo cogitado. O próprio “Periscópio” ouviu a população nas ruas e nas redes sociais, e esta se mostrou, em sua maioria, contra a alteração.

Mas essa vontade só será levada em consideração pelos nobres edis caso os ituanos se façam presente na vida pública e política da cidade. Mais do que nunca isso se faz necessário, ainda mais após todos os descalabros causados pelos políticos em nível nacional e que agora vêm à tona.

Aproveitemos que 2018 é ano de eleições federais e comecemos a se interessar pela política local. Um bom começo é, justamente, acompanhar as sessões da Câmara Municipal. Tire pelo menos uma noite de segunda-feira de seu mês para ver o que nossos representantes estão falando e fazendo. E cobre deles as melhorias e benfeitorias que nossa Itu tanto merece. Porque muitas vezes o discurso não é refletido nas ações. E o que era pra ser novo acaba mostrando-se pior que o velho…