Pandemia e frio: as grandes dificuldades das pessoas em situação de rua em Itu

Por Daniel Nápoli

Colaboradores do grupo “Anjos do Resgate” distribuem comida para moradores de rua na cidade de Itu (Foto: Divulgação)

Enquanto a pandemia do novo coronavírus avança e o frio vai chegando aqui no Brasil, muitas pessoas possuem condições para atravessar este período de dificuldade em casa, junto de sua família. Mas e quem não possui casa para morar ou não tem família e necessita encarar diariamente a dura vivência nas ruas?

Há três anos e meio, a psicóloga Dayanne Ferreira da Silva, de 24 anos, integra o grupo Anjos do Resgate, que auxilia pessoas em situação de rua na cidade de Itu. Ao Periscópio, ela comenta sobre a realidade vivida pelos mais necessitados. “Eles estão sem informação praticamente, mas a gente está orientando para que tentem dormir afastados e a gente solicitou à Secretaria de Promoção Social a instalação de torneiras na cidade”, diz Dayanne.

Antes da pandemia, o grupo promovia a entrega de marmitas em diversos pontos da cidade, uma vez por semana. Agora a situação mudou, já que alguns grupos pararam com ações no período, assim como o Albergue Noturno, que se encontra fechado. “Agora, entregamos na terça e na sexta-feira e a Promoção Social às segundas, quartas e quintas-feiras. A Igreja DNA faz a entrega aos sábados e a ONG Korvos, aos domingos”.

A psicóloga revela o medo que sente ao ver a exposição das pessoas em situação de rua, principalmente idosos. “Solicitamos um acolhimento para eles. A cidade necessita ter uma casa de acolhimento. O frio já chegou. A Prefeitura deveria começar a fazer ações com as baixas temperaturas. Com tudo parado, acredito que esses vários prédios que estão vazios deveriam servir de acolhimento.”

Dayanne, que auxilia os Anjos de Resgate também na distribuição de garrafas com água e sabão, inclusive na região do Pirapitingui, reforça a atenção. “As pessoas em situação de rua precisam de cuidados específicos. A rua não é casa e a gente está se cuidando em casa, mas e quem não tem? E quem não tem água para lavar a mão?”, questiona.

A reportagem do JP também esteve em contato nesta semana com a Prefeitura de Itu. César Benedito Calixto, secretário municipal de Promoção e Desenvolvimento Social, informa que “a Prefeitura mantém um serviço continuado de assistência à população em situação de rua. Os profissionais da Secretaria Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social, vinculados ao CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e Centro POP, mantêm ações diárias junto às pessoas em situação de rua em várias frentes de atuação. Os serviços mantidos pela Prefeitura vão desde alimentação à higiene pessoal”.

Calixto reforça que “as equipes monitoram o estado de saúde de todas as pessoas em situação de rua e promovem o encaminhamento junto aos centros de saúde, com apoio da Guarda Civil Municipal, caso necessário. No Centro POP – que assiste uma média de 40 a 50 pessoas/dia – há espaços para café, banho, lavagem de roupas, doação de roupas e materiais de higiene pessoal. São servidas três refeições diárias, além de todo apoio psicológico e institucional necessários. O serviço segue os conceitos de assistência inseridos na política pública da área em todo o país”.

O secretário comenta ainda sobre parcerias em ações sociais. “As refeições noturnas sempre foram partilhadas entre diversas organizações sociais e grupos voluntários. Entretanto, com a chegada da pandemia, a maioria deixou de visitar as pessoas na rua. A Semprodes assumiu essa função de produzir e distribuir e tem ao lado alguns parceiros (Restaurante Dia a Dia Santé e La Prímola) e a ação do G.M.A. – Grupo Mão Antiga, que confecciona lanches”.

Questionado a respeito da quantidade de pessoas em situação na cidade de Itu e refeições distribuídas, o secretário esclarece. “São ofertadas refeições no almoço e jantar a cerca de 120 pessoas (média de pessoas em situação de rua nos últimos anos em Itu, sendo 100 na área urbana e 20 na região do Pirapitingui). Calixto explica ainda que os pontos com mais presença de pessoas em situação de rua são as avenidas Dr. Otaviano Pereira Mendes, Caetano Ruggieri e Francisco Ernesto Fávero, além de ruas dos bairros Vila Progresso e do Jardim Aeroporto.

Além de alimentos, o comandante da pasta fala também sobre outras doações. “Durante a distribuição de marmitex, os orientadores sociais da Prefeitura entregam máscaras faciais e explicam a todos que deverão utilizá-las diariamente e que as mesmas podem ser lavadas e higienizadas no Centro POP. A distribuição de agasalhos e cobertores ocorre normalmente e durante a última semana os moradores receberam outro reforço para os dias frios”.

Calixto também informa que, além dos leitos do Hospital de Campanha destinados à população, a Prefeitura já estabeleceu um espaço para isolamento social destinado às pessoas em situação de rua, caso necessário”.

Como ajudar: Aos interessados em conhecer um pouco mais sobre o projeto Anjos do Resgate, podem obter mais informações pelo Facebook (www.facebook.com/anjosdoresgateitu). Instagram (@projeto.anjosdoresgate) ou WhatsApp (11) 98546-4861.

Um comentário em “Pandemia e frio: as grandes dificuldades das pessoas em situação de rua em Itu

  • 19/05/2020 em 21:42
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    Pessoas “em situação de rua” é um vício de linguagem. Moradores de rua é rápido e fácil de entender. Já pensou se começam dizer que eu sou uma pessoa “em situação de casa”? Estranho né. Também nunca ouvi falar de gente “em situação de apartamento”.

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