Paralisação das aulas afeta a rotina de famílias com filhos pequenos

Por Nayara Palmieri

No último dia 13, o Governo de São Paulo anunciou a suspensão das aulas na rede de ensino estadual e municipal como forma de prevenção à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Com o aumento de casos confirmados no Brasil, as escolas particulares também adotaram essa medida.

Apesar da recomendação ser de todos ficarem em suas casas, sabemos que nem todos têm essa possibilidade, já que muitos trabalham fora. A reportagem do Periscópio entrou em contato com famílias que têm filhos pequenos e tiveram as aulas paralisadas para saber como ficou a rotina da família e o que acham da medida.

Élide Moskoski e seu filho Bryan Moskoski (Foto: Arquivo Pessoal)

Élide Natasha Moskoski Prussia, 24, é mãe do pequeno Bryan, de 7 anos, estudante de escola pública da cidade de Salto, e acredita que a paralisação das aulas foi uma decisão necessária para conscientizar as pessoas da seriedade do assunto. “Ninguém está dando muita importância (para a proliferação do vírus), e essas medidas drásticas de fechar escolas, cancelar shows, fechar os lugares de lazer, mostram para as pessoas que é urgente e é grave a situação”, diz Élide.

No momento, Élide está desempregada, então Bryan passa o dia em casa com a mãe, vendo desenhos, pintando e conversando. Ela conta que o sistema de ensino da escola de Bryan não utiliza livros, mas para que o filho não passe o dia ocioso, ela faz com que ele pratique leitura, desenho e até elaboração de pequenos textos diariamente.

Diana Rodrigues e Lucca Rodrigues
(Foto: Arquivo Pessoal)

A empresária Diana Gomes Barroso Rodrigues, 31, mãe de Lucca Rodrigues, 5 anos, estudante de escola particular de Itu, concorda com a paralisação das aulas como maneira de prevenção, pois as crianças também estão propensas a contrair o vírus e passar para outras pessoas. Diana, que trabalha em horário comercial fora de casa, conta que a rotina mudou por completo. Apesar de Lucca poder ficar com a avó, os horários foram todos alterados. “Mudou literalmente a rotina, porque tínhamos a escola no meio dela. Agora temos que parar de trabalhar, ou deixar (o filho) com alguém para conseguirmos fazer os nossos afazeres. E quando chego do trabalho ainda vou elaborar algumas coisas de escola para ele não ficar sem estudar”, declara.

Simone Lira e Victor Hugo Filho (Foto: Arquivo Pessoal)

A gestora financeira Simone Lira, 33, mãe de Victor Hugo Ferreira Filho, de 4 anos, conta que sua rotina não foi afetada, pois o garoto sempre ficou com a avó enquanto Simone trabalha, mas sente pelas famílias que não têm a mesma possibilidade. “Fico preocupada com aquelas mães que não têm com quem deixar seus pequenos e que em contrapartida precisam trabalhar”, declara. Em relação ao conteúdo escolar, Simone vem estudando formas de dar continuidade à educação do filho. “Vou entrar em contato com a coordenadora da escola e pedir orientação a respeito”, conta.

Para pedagoga e psicóloga Paula de Campos Moreira, mãe de Lorena, 3 anos, e Matteo, 7 anos, a palavra ‘ajuste’ se enquadra melhor do que a palavra ‘afetou’ nesse contexto que estamos vivendo. “Tudo é uma questão de ajuste. Acredito que controle emocional seja a chave para resolver os imprevistos”, diz Paula.

Paula Campos, com Matteo e Lorena (Foto: Arquivo Pessoal)

Antes da paralisação das aulas, a rotina de Paula era toda estruturada para seguir o plano de levar as crianças para a escola e seguir para o trabalho. Com as mudanças implantadas pelo governo, Paula estudou maneiras de continuar a trabalhar e não deixar as crianças sozinhas. “Contei com a ajuda da minha funcionária do lar para isso. É muito importante dizer que minha família respeita o isolamento social, e a vinda da minha funcionária para casa foi cuidadosamente  pensada em comum acordo com ela, garantindo que não estivesse em risco em transportes coletivos ou exposição a outras pessoas”.

Referente à educação, Paula conta que a escola do filho mais velho propôs uma rotina de lições de casa e ela tem seguido essa recomendação. “Paralelo, estou buscando envolvê-los em situações lúdicas que permitam aprendizado e treino de habilidades, como jogos de trilha, raciocínio, atenção/concentração além de incentivar o treino de habilidades motoras com tinta, massinha e outras atividades manuais. Estou permitindo tempo livre, para que encontrem, no imprevisto, possibilidade de se conectarem como irmãos, descobrindo aptidões e oportunidades em comum”, finaliza.