Periscópio Entrevista – Camila Alfieri

A entrevistada desta semana é a enfermeira oncologista Camila Oliva Zanotto Alfieri. Pós-graduada no Centro Universitário São Camilo, membro da ASCO – American Society of Clinical Oncology e da SBEO – Sociedade Brasileira de Enfermagem, Camila tem 10 anos de experiência em clínicas de quimioterapia e é especialista em imunoterapia. Neste mês, com a campanha de conscientização Outubro Rosa, Camila esclarece algumas dúvidas sobre o câncer de mama. Confira:

 

JP – Quais são as possíveis causas do câncer de mama?

O câncer de mama não tem somente uma causa. A idade é um dos mais importantes fatores de risco para a doença (cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos). Porém outros fatores podem influenciar como: obesidade, sedentarismo, primeira gestação após os 30 anos, terapia de reposição hormonal e fatores genéticos. Muitos acreditam que a hereditariedade é a grande responsável pelo câncer de mama, porém ela representa apenas 10% dos casos.

 

JP – Como é feito o diagnóstico do câncer de mama?

O câncer de mama pode ser diagnosticado em fases iniciais, em grande parte dos casos, aumentando assim as chances de tratamento e cura. Todas as mulheres, independentemente da idade, podem conhecer seu corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas. A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres, porém apenas o médico pode confirmar o diagnóstico após a realização de exames como a mamografia, ultrassom de mamas e a realização da biopsia.

JP – Depois do câncer de pele não-melanoma, o de mama é o tipo mais incidente nas mulheres. Quais são as razões para isso acontecer?

Podemos dizer que o “alimento” para o tumor crescer é justamente os hormônios femininos, assim como no câncer de próstata temos os hormônios masculinos agindo. Com isso temos ele como o segundo mais incidente em nosso país, correspondendo a 28% dos casos novos de câncer no Brasil.

 

JP – Como pode ser feita a prevenção?

Algumas mudanças nos nossos hábitos podem sim contribuir para termos uma redução de 30% dos casos, e são todos eles possíveis de adotar como: praticar atividade física regularmente; alimentação saudável como diminuir ingestão de carne vermelha, alimentos industrializados, temperos prontos; manter o peso corporal sem sobrecarga; evitar o consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo e estimular a amamentação. Além dessas mudanças de hábitos temos que fazer mensalmente o auto-exame das mamas, consultas anuais com o ginecologista e a realização da mamografia. No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde – assim como a da Organização Mundial da Saúde e a de outros países – é a realização da mamografia de rastreamento (quando não há sinais nem sintomas) em mulheres de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos.

 

JP – O câncer de mama é mais comum nas mulheres, mas também pode atingir os homens. Por que no sexo masculino os casos são mais raros?

Os homens precisam saber que o câncer de mama não é restrito apenas às mulheres, porém dos 58.000 novos casos previstos para esse ano de 2017 apenas 1% é do sexo masculino, e isso se dá ao fato dos homens não produzirem os hormônios femininos como o estrogênio e a progesterona. Os possíveis sinais de câncer de mama em homens incluem: protuberância da glândula, pele ondulada ou enrugada, inversão do mamilo, vermelhidão local e inchaço nos linfonodos da axila.

 

JP – Quais são as técnicas de tratamento humanizado mais utilizadas? Como elas funcionam?

Os tratamentos disponíveis para o câncer de mama podem ser usados isolados ou combinados e são eles: retirada cirúrgica do tumor, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia. Todas essas modalidades causam algum desconforto para os pacientes, porém são necessárias. O que irá determinar qual o tratamento escolhido será os resultados dos exames como a biopsia, imuno-histoquímica, tomografias entre outros. O que fará deles mais humanizado possível será a maneira como a equipe enfrenta e passa isso para o paciente, vendo eles como uma pessoa que está doente e não apenas uma doença e que essa pessoa tem família, vida particular entre outros. E para que isso ocorra temos que contar com todo o apoio multiprofissional que eles terão nesse momento como: acompanhamento com a nutricionista, psicóloga, fisioterapeuta, participação de grupos de apoios, leituras especificas e blogs de pessoas que já tiveram câncer.