Periscópio Entrevista – João Pestana

Nesta semana, o “Periscópio” entrevista João Carlos Pestana Ramos, presidente do Conselho de Segurança Municipal de Itu (CONSEG), vice-presidente da Câmara de Comércio, gestor de negócios e comissário de menores da Vara da Infância e da Juventude de Itu. Ele fala a respeito do trabalho desenvolvido na segurança pública do município e da aproximação das autoridades com a comunidade.

JP – Como se deu a oportunidade da implantação do CONSEG na cidade de Itu?

Na verdade foi uma vontade que eu já nutria há bastante tempo de participar desse segmento da sociedade, porque eu já estava atuando em um segmento semelhante, pois eu  também faço parte da Vara da Infância e da Juventude como comissário e, ainda em 2013, assumi a presidência, sendo um dos mais antigos no cargo em curso no Estado de São Paulo.

JP – O que o motivou a ingressar na área da segurança pública?

Acabei gostando do trabalho. Na verdade, é o que me motivou a entrar nessa linha do voluntariado. Isso aqui é um voluntariado. A gente sabe que os governos são impotentes para resolver alguns problemas da sociedade e quem tem que abraçar isso é a sociedade civil. O ganho é social, é intelectual. Eu me apaixonei pela área do comissariado e pensei que na área da segurança poderia fazer muito mais, teria outras oportunidades.

JP – O quanto o CONSEG é importante para o auxílio das autoridades policiais no combate ao crime?

Hoje o Conselho de Segurança é vital. O policiamento do futuro é o policiamento comunitário. Não há a menor possibilidade mais de você trabalhar em um sistema com polícia sem pensar no policiamento comunitário. E o CONSEG vem nessa linha comunitária, nós trabalhamos frente e junto às comunidades, seja instalada em qualquer local da cidade. Preparamos as comunidades para receberem as autoridades de segurança do município e, com esse núcleo, orientamos a polícia a respeito dos anseios daquela comunidade e a polícia trabalhar junto da mesma. Há uma interação. A comunidade tem voz, a comunidade tem vez.

JP – Após a implantação e o desenvolvimento do CONSEG no município, como o senhor vê a relação entre a população e as autoridades da segurança pública?

É uma honra, uma glória estar à frente desse projeto nesse momento, porque eu sei que, quando eu “passar o bastão”, vou passar um bastão já trabalhado e o próximo presidente não passará pelos problemas pelos quais passamos. Inicialmente nós não éramos vistos com bons olhos. Quando chegávamos a um bairro para uma reunião, o pensamento comunitário era de ofensa, de reclamação, muito também pela nossa falta de experiência de estar assumindo aquelas questões naquele momento. Hoje, graças a nossa visibilidade, graças às conversas, as comunidades que nos recepcionam nos recepcionam felizes, o debate é produtivo, saudável, são muitas as sugestões e poucas reclamações. Melhorou muito o relacionamento de lá para cá e vai melhorar ainda mais. Estão confiando muito mais e é muito positivo trabalhar a imagem da Polícia Militar e da GCM. A população não tem ninguém por ela e a única instituição que eles possuem, em uma situação de emergência, são as polícias. Temos a obrigação de preservar o bom nome da instituição, sem deixar que questões menores cresçam, como um abuso de autoridade. Hoje, as pessoas elogiam, gostam do trabalho da polícia, se sentem protegidos, cumprimentam os profissionais uniformizados durante as rondas ostensivas e isso é muito importante.

JP – Quais os principais projetos realizados por você à frente do Conselho?

Sem sombra de dúvidas, a principal bandeira nossa foi dar visibilidade ao Conselho de Segurança, que tinha pouca visibilidade. O primeiro objetivo era mostrar que estávamos vivos e, sem “rasgar seda”, isso nós só conseguimos graças ao apoio do Jornal “Periscópio”. Eu pedi humildemente ajuda para todos os meios de comunicação da cidade. Recebi o “sim” inicial, mas só com este veículo pude contar. Demos a visibilidade que necessitávamos tanto na área escrita quanto na virtual e dentro da sociedade civil organizada. Depois, nossa outra grande bandeira é o disk-denúncia. Para se ter uma ideia, no ano de 2016, o 50º Batalhão (de Polícia Militar do Interior) ficou em segundo lugar em todo o estado em número de denúncias.

JP – Como você vê a segurança na cidade de Itu atualmente?

Vejo com bons olhos. Já tivemos uma redução dos índices de criminalidade no ano passado, com excelentes resultados. Temos algumas persistências em roubos de veículos em determinadas áreas, principalmente no Centro. A Polícia Militar vem fazendo seu trabalho de patrulhamento ostensivo e com seu serviço de inteligência. Os índices estão diminuindo graças à ação comunitária também e à interação entre comunidade e os demais poderes.

JP – Pode-se creditar a atuação do CONSEG a parte da redução da maioria dos índices de criminalidade na cidade? O que pode ser feito para melhorar ainda mais os números?

Deve-se. É uma força conjunta. Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Civil Municipal, Conselho Tutelar, Poder Judiciário e o CONSEG tem seu mérito, sim, pois congrega todas essas coisas, estabelece esse diálogo. Conseguimos irmanar essas organizações, focando para que trabalhem juntas. Graças ao Conselho, conseguimos orientar a população a interagir melhor com a polícia. A denúncia do crime também ajuda, interferindo diretamente nos índices. Nosso foco hoje é o programa Vizinhança Solidária. Implantar em outros bairros para que as pessoas cuidem de seus vizinhos, estabelecendo um vínculo, trocando informações. Atuamos como suporte desse projeto da Polícia Militar.

JP – Quais são os próximos projetos que você pretende implantar no CONSEG?

Eu gostaria muito de levar a cabo um projeto que estamos finalizando a arquitetura, de contar com o CONSEG também nas escolas. Falar sobre segurança pública nas escolas, voltando aos perigos do álcool e das drogas, que são fatores que podem afetar a ordem e a paz na sociedade. Graças a essa parceria que tenho com o poder judiciário, ficará muito mais fácil executar. O que está faltando é tempo, pois nos dedicamos a outros projetos e uma reunião com a comunidade, por exemplo, é preparada com semanas de antecedência e, após a reunião, há relatórios, atas, encaminhamentos de documentos; há uma série de fatores. É complexo. Mas para não perdermos o foco, a prioridade é consolidar o programa “Vizinhança Solidária”. Temos células exemplo na cidade, como a do Jardim São Paulo, no Centro, como a do Bairro Brasil também, sem denegrir as demais. Como temos mais dois anos de mandato, acredito que consigamos, nem que seja para o final deste ano, um projeto de orientação aos jovens nas escolas. Não nos esquecendo do PROERD e do JBA, programas executados pela Polícia Militar com os jovens.