Periscópio Entrevista – Walmir Eduardo da Silva Scaravelli

Nesta semana, o “Periscópio” entrevista Walmir Eduardo da Silva Scaravelli, secretário municipal da Educação. Ele fala sobre a transição do meio privado para o público (ele é um dos fundadores da empresa Mega Sistemas Corporativos), sobre o Sistema Municipal de Ensino que será votado nas próximas sessões pela Câmara Municipal e traça um panorama de uma das principais pastas da Prefeitura de Itu.

 

JP – O que é o Sistema Municipal de Ensino que vai ser implantado com a aprovação do projeto na Câmara?

Esse projeto faz com que a responsabilidade sobre o ensino municipal, que antes pertencia ao Estado, agora se transfira para o município. Isso quer dizer que o município ganha uma maior autonomia administrativa inclusive com os próprios sistemas. A informação que o Estado colocava antes nos sistemas, agora o próprio município é responsável por imputar todas as informações no sistema que eles chamam de GDAE, que é o sistema que tem todas as informações. Na verdade isso representa uma maior autonomia do município até de certa forma pedagógica e administrativa sobre a responsabilidade do ensino municipal.

 

JP – É como se fosse um segundo passo da municipalização no ensino?

Pode-se dizer isso. Eu acho que oficialmente a municipalização já ocorreu, mas uma série de responsabilidades ainda pertencia ao Estado. Depois de um certo momento essas responsabilidades são transferidas para a cidade quando a cidade atinge uma maturidade, um certo porte, e eu acho que essa segunda fase vai ser cumprida agora.

 

JP – Como vai ser a participação da população nesse sistema?

Isso é uma parte importante. Agora o Conselho Municipal formado é mais participativo, a gente acaba discutindo as decisões mais importantes junto com essa comissão de forma que como você tem ali representantes dos alunos, de escolas particulares e vários representantes que dão uma boa mostra de todas as pessoas que participam. Você acaba tendo uma maior participação da população e o secretário tem a oportunidade de dividir também um pouco das responsabilidades junto com os participantes que conhecem as necessidades básicas de cada grupo de interesse.

 

JP – Em um primeiro momento esse sistema vai fazer alguma mudança na base educacional, no formato que é desenvolvida a educação na cidade?

Não tem prevista nenhuma mudança drástica. O que nós temos de previsão é algum ajuste na estrutura interna nossa a partir da aprovação dessa lei. Tem uma modificação na estrutura interna. Eu não digo nem modificação de estrutura; não tem contratação, não traremos pessoas novas, mas tem uma readequação das funções e responsabilidades das pessoas que já estão aqui na secretaria.

 

JP – Falando ainda sobre a questão da educação no município, a parceria com o Sistema Anglo continua?

Sim, a previsão é de continuar. Esse é o primeiro ano onde nós estamos conseguindo fazer algumas avaliações de como está sendo a evolução disso. Como foi um negócio que começou recentemente, então nós vamos ter as primeiras avaliações agora. A partir dessas avaliações é que a gente consegue identificar a evolução, mas não existe previsão nenhuma de tirar, a ideia é que o Anglo continue.

 

JP – Fazendo um panorama do que foi feito nesse começo de gestão, como está a situação e como você pretende deixar nos próximos anos?

De uma maneira geral a gente encontrou de uma forma boa. O que eu senti um pouco era a falta de controles, faltavam alguns controles para que a gente conseguisse identificar exatamente como estavam os números da cidade, não só financeiros, para que a gente pudesse saber custos per capitos, conseguisse identificar a forma como era feito o transporte, merenda. Então faltavam alguns números para a gente poder ter uma visão do todo. Esse primeiro semestre foi um semestre aonde a gente se preocupou muito em ter um apontamento de números, em fazer algumas avaliações internas de custos, quais eram as unidades que precisavam de algumas transformações, então foi um semestre onde a preocupação maior foi ter os números nas mãos. Isso é uma coisa que eu senti falta logo de começo, da informação não estar muito à mão. E eu acho que agora nós temos a informação bem à mão.

 

Você veio da iniciativa privada e agora está numa das principais secretarias da Prefeitura. Como foi essa transição e como foi modificar o ambiente do lado corporativo para o lado público?

Não tenha dúvida que é uma escola, você acaba aprendendo muita coisa. Área pública tem muitas diferenças, tem que se acostumar um pouco com essa diferença que é muito marcante. Contudo, acho que foi muito interessante essa escolha do prefeito de procurar um gestor, de estar trazendo alguém com uma experiência empresarial como eu tenho para vir para cá para ser um gestor realmente da rede. A gente está conseguindo com isso ter maiores informações, ter indicadores, que eu acho que é uma coisa que faltava para gente, estamos definindo metas claras, objetivas, e eu acabei me cercando de profissionais, nossos diretores, especialistas nas áreas pedagógicas e pessoas com muita experiência já na área educacional da cidade e, com isso, a gente conseguiu formar uma equipe muito boa. É uma mudança? Não tenha dúvida. Vir para a área tem mudanças, mas é, na minha opinião, a forma como nós estamos fazendo isso aí, já está trazendo os resultados. A gente sente na rede que há claramente uma informação de que houve sensíveis melhoras para os professores, para os dirigentes e nós estamos tendo um retorno da população também de que uma série de pequenas mudanças que foram implementadas já estão trazendo os primeiros resultados.