Pokémon: Detetive Pikachu

Um filme COM Pokémon, não DE Pokémon. É preciso reforçar bem as diferenças. Detetive Pikachu, primeira empreitada live-action nos cinemas baseada no clássico jogo para Game Boy, tem uma história completamente original e se passa no universo dos monstrinhos de bolso, mas não necessariamente tem eles como elemento central. Pelo contrário: o longa-metragem é mais uma história de pai e filho, reencontros e valor da amizade. Tudo isso, claro, com Bulbassauros correndo no canto da tela.

Neste filme dirigido por Rob Letterman (do divertido O Espanta Tubarões), o espectador acompanha o jovem Tim Goodman (Justice Smith), que logo de cara recebe a notícia de que seu pai morreu em um acidente. Tentando prosseguir com a vida, ele acaba conhecendo um Pikachu. Porém, com um diferencial: Tim consegue entender o que o Pokémon fala.

E a voz do Pikachu falante é um dos pontos principais. No original, quem o dubla é Ryan Reynolds, famoso por Deadpool. Mas, como o filme é censura livre, não espere por nada desbocado, mas, sim, muito sarcástico e cheio de sacadinhas divertidas. Na versão brasileira, que não deve nada para a gringa, a voz de Phillipe Maia dá o tom e entrega um Pikachu até com uma certa “malemolência brasileira”, por assim dizer.

Na questão técnica, o filme não tem nada de novo. Cinematograficamente é bem básico. Seus efeitos são simples e não apresentam nada de revolucionário. Os Pokémon apresentam uma textura esquisita. Mas entendo que a direção de arte deve ter sido um grande desafio. Criar um mundo em que humanos e os monstrinhos convivessem mantendo a aparência cartunesca deve ter sido um trabalho intenso. Ao menos o Pikachu peludo ficou uma graça.

Pokémon: Detetive Pikachu no fim das contas é divertido. Tem momentos engraçados e até emocionantes, mas peca pela história genérica, o roteiro manjado e por não ser mais Pokémon. Diversos elementos do universo criado por Satoshi Tajiri para a Nintendo na década de 1990 não foram sequer mencionados no filme.

Claro, é só uma adaptação que não tem obrigação alguma de agradar os fãs das antigas como eu, que tive a infância tomada pela “Pokémania” – o primeiro filme que vi sozinho no cinema foi Pokémon: O Filme 2000. Para mim, os momentos mais empolgantes de Detetive Pikachu foram os com referência aos desenhos como, por exemplo, a clássica música de abertura: “Pokémon, temos que pegar…”. Tomara que numa possível continuação a gente veja mais disso. Mas foi bom ver que a franquia, que esteve em foco nos últimos tempos com o jogo Pokémon Go, ganhou um novo rumo cheio de oportunidades.

Nota: 3 estrelas