Procissão motorizada em louvor a Santa Rita reúne milhares de fiéis em Itu

Veículos passaram por diversas ruas da cidade de Itu, acompanhando a imagem de Santa Rita de Cássia (Foto: Tucano/Revista Campo&Cidade)

No último domingo (23), milhares de fiéis participaram da procissão motorizada em louvor a Santa Rita de Cássia, apesar do frio e da chuva. Pelo segundo ano consecutivo, devido à pandemia de Covid-19, o ato teve sua saída do estacionamento da Prefeitura de Itu, com a imagem da santa das causas impossíveis percorrendo as principais ruas da cidade até chegar à Igreja de Santa Rita, local em que ocorreu a benção de carros e moto, além da coleta de alimentos e recebimento de doações em qualquer quantia em dinheiro.

Entre os milhares de fiéis presentes no ato religioso estava a psicóloga Cybele Micai que, ao lado de sua família, manteve uma tradição de décadas iniciada por seu pai, Armando Micai, que por muitos anos foi atuante junto ao Grupo Remido de Santa Rita, sendo um dos grandes organizadores da festiva em louvor a santa. Armando, que também ficou marcado por ter presidido a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Itu (APAE), faleceu em março deste ano, aos 74 anos de idade.

“Já são 30 procissões acompanhadas, anualmente, em nossa família. Muitas para agradecer, algumas para pedir e todas para fortalecer nossa fé e gratidão aos milagres alcançados. O mesmo tempo de anos festeiros de Santa Rita, tempo esse que meu pai participou atuante junto ao Grupo Remido de Santa Rita. Desde o ano passado, no momento de prevenção pandêmica, fomos adaptados à carreata, apesar de diferente, mantém-nos vivos no propósito da fé”, explica Cybele.

A psicóloga comenta como foi a procissão do último domingo. “Esse ano, em especial, na ausência do meu pai, nos dividimos em partes da procissão. Eu, meu marido (Robinson), meu filho (João Pedro) e minha mãe (Maria Aparecida) acompanhamos no carro, ouvindo o hino de Santa Rita e rezando, com momentos de grande emoção ao lembrarmos do meu pai, mas na fé e conforto de que ela e Deus acolheram sua dor e seu conforto eterno”.

Cybele juntamente com seu marido Robinson, o filho João Pedro e a mãe Maria Aparecida. Família unida também na fé (Foto: Arquivo pessoal)

“Minha sobrinha Amanda e minha cunhada Célia estavam na distribuição das rosas e meu irmão Fabiano ajudando na organização da procissão. Confesso que parecia meu pai ali na frente da Igreja”, acrescenta Cybele, emocionada.

“Meu pai foi um devoto fervoroso à Santa Rita, como todos nós, mas ele tinha uma conversa diária através da oração com ela, que sempre acalentou suas angústias e amparou os desafios. Apesar da ausência da multidão calorosa reunida na fé com as rosas e orações,  esse ano foi uma procissão emocionante e que nos fortaleceu no acolhimento aos pedidos junto a Deus! Viva Santa Rita!”, conclui.

Historiador comenta a relação de Itu com Santa Rita

Anualmente, em tempos não pandêmicos, as festividades em louvor a Santa Rita levam para as ruas centrais de Itu mais de 30 mil pessoas. É o maior número de concentração de fiéis em um ato religioso na cidade. Nem mesmo a procissão em louvor a Nossa Senhora da Candelária, padroeira do município, leva número tão  alto de católicos às ruas ituanas.

Questionado pelo Periscópio qual seria o motivo, o historiador e professor Luís Roberto de Francisco explica. “A festividade de Santa Rita é de grande devoção e conta com muita participação popular, afinal é a santa ‘das causas impossíveis’. Como ela viveu em Cássia [na Itália], há enorme envolvimento da comunidade de descendentes italianos em Itu. As histórias de milagres alcançados são muitas e acabam atraindo católicos de todos os grupos sociais, que pedem a sua intercessão”, explica.

“ A procissão, que, em tempos sem pandemia, reúne 30 mil fiéis, lembra outra, a de São Benedito, que até o início do século XXI contava com um número elevadíssimo de pessoas. Já a festa de Nossa Senhora Candelária, nossa padroeira, como em muitas cidades antigas, não é tão popular talvez porque não tenha uma irmandade própria para organizar a sua comemoração e não tenha associado o aspecto dos milagres. A Capela de Santa Rita está em uma área de comércio popular, próximo ao Mercado Municipal, o que atrai muita gente o ano todo”, explica.