Professores precisam se “reinventar” em tempos de pandemia

Com a pandemia do novo coronavírus, a vida das pessoas mudou quase que por completo, seja qual for a posição social, econômica ou profissional. Dentre as mais diversas profissões que estão sendo obrigadas a se adequarem a nova realidade está a do professor, cujo dia foi comemorado na última quinta-feira (15).

Hoje muitos professores estão tendo de se “reinventar”, criando aulas virtuais, via internet, o que se por um lado mostra uma modernidade que fatalmente chegaria, por outro, vem de atropelo, por conta da pandemia, que pegou a todos de surpresa.

No Dia do Professor, o Periscópio procurou duas profissionais do ensino, que viveram realidades absolutamente diferentes, para falar a respeito do momento em que o ensino é obrigado a mudar de feição, para não perder a identidade.

A professora Gelse Goulart, 90 anos, um dos maiores símbolos do ensino em Itu, diz que “lamento muito ver tudo isso acontecer. Com a pandemia, o impacto na vida de todos foi cruel. As crianças, em especial, parecem estar sofrendo mais intensamente. Tenho netos e bisnetos e acompanho de perto esse impacto. O contato humano, a socialização presencial, o convívio com os coleguinhas… Tudo isso faz muita falta para a criança, que ainda tem que lidar com o estresse da clausura, mesmo que no ambiente familiar. Os pais, por sua vez, tendo que conduzir a vida profissional, familiar e, agora, educacional dos filhos, estão enfrentando um grande desafio”.

 Ela ainda enfatiza que “entretanto, tudo isso acaba afunilando na vida dos professores. Acho que eles estão sendo verdadeiros heróis em conduzir os trabalhos nesse novo ambiente virtual. Todo o estresse das crianças e dos pais acabam impactando na escola, nesse ‘novo normal’. No meu tempo, o professor era muito respeitado, muito valorizado. As exigências do mundo moderno talvez tenham ofuscado a importância desse profissional. Mas é nessa hora que vemos o verdadeiro valor do professor. Esperamos que isso tudo faça parte do passado o mais breve possível”.

 

Já Juliana Nascimento, professora de Matemática do Colégio Almeida Júnior, de 41 anos, entende que “mesmo que eu já usasse e ensinasse tecnologias nas aulas presenciais, foi necessário encontrar respostas para perguntas que não existiam: como simulo a lousa? Como podemos reuni-los em grupos? Como podemos expor as atividades? Como podemos usar os jogos matemáticos separados? Felizmente encontrei ótimas respostas, incluindo sugestões dos alunos (aos quais sempre peço dicas e sugestões). Eles me trazem dicas de apps, de canais do YouTube e recursos disponíveis nas plataformas que costumamos utilizar”.

Ela entende que “a maioria dos alunos se adaptou com nossas orientações e apoio da família para se organizar com cadernos, anotações e atividades, mas a ajuda entre eles foi e continua sendo fundamental com lembretes, links e datas que circulam pelos grupos de WhatsApp. A lição mais valiosa que eu tiro desse período é a troca de saberes que se deu em uma profundidade que eu nunca havia presenciado e foi o que tornou o trabalho possível e de qualidade”, conclui.