Professores realizam ato contra a volta das aulas presenciais
A Comissão de Funcionários Municipais de Itu, da educação municipal e de outros segmentos juntamente, com as representações da educação estadual e particular, realizaram na manhã do último 1º de maio, Dia dos Trabalhadores, um ato denominado “carreata pela vida”, conclamando que as presenciais só sejam realizadas após a vacinação contra a Covid-19 de todos os profissionais da área.
Segundo os organizadores, foram mais de 40 carros, fora as motos e bicicletas, que acompanhavam o grupo. Foram realizadas também homenagem aos professores que morreram e decorrência da doença. De acordo com os manifestantes, todos eles estavam em atividades profissionais presenciais, e a grande reclamação dos mesmos é que a contaminação é inevitável durante o trabalho.
Além das homenagens emocionadas aos colegas de trabalho que partiram, a reivindicação era clara: “Por uma escola sem luto, volta às aulas só com vacina”, diziam os cartazes pregados aos carros, e em suas palavras de ordem durante as intervenções.
“Nós não aguentamos mais ver os nossos colegas morrendo, não queremos perder mais ninguém e hoje, além do dia de luta dos trabalhadores e trabalhadoras, realizamos um ato muito bonito, cheio de choro e emoção”, disse o professor Rafael França Vitorino de Almeida, conhecido como “Cidoman”.
Os manifestantes se deslocaram até o Centro, passaram pela Diretoria de Ensino, Prefeitura, e após isso se concentram no estádio municipal “Dr. Novelli Jr”. Para os manifestantes, foi um dos maiores atos realizados nos últimos tempos como forma de homenagear os companheiros que se foram e reivindicar segurança sanitária pra quem fica.
Os professores José Renato dos Santos (diretor da EE “Anthenor Fruet”) e Gentil Leme (que atuava na EE “Rogério Lázaro Toccheton”), ambos de Itu, foram homenageados pelos cartazes nos carros e as faixas das entidades expostas no final do evento. “A gente honra a memória dos nossos companheiros fazendo isso. Eles estariam aqui, conosco, hoje”, disse a professora Rita Diniz, coordenadora regional da APEOESP da região.
Segundo Rita, a APEOESP defende os servidores públicos independente de serem municipais ou estaduais – e, neste caso, ambos estão com a mesma pauta. “Sempre estivemos e sempre estaremos na luta junto com os servidores públicos municipais de Itu também”. Nesta semana, as aulas presenciais da rede municipal ituana retornaram, com limitação de 35% da capacidade das salas de aulas. A retomada, conforme noticiado pelo JP, provocou polêmicas, uma vez que muitos pais são contra as aulas in loco no momento, enquanto uma parcela concorda com a volta.
Mais relatos
A reportagem do Periscópio entrou em contato com o professor Gentil Gonçales Filho, presidente do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Privados de Ensino nos Municípios de Indaiatuba, Salto e Itu – SINPROVALES, que também participou da carreata.
“Com este gesto alertamos, também, todas as autoridades que buscam o bem comum, a categoria dos professores das escolas particulares de Itu e região e a população em geral, sobre o respeito à dignidade das Pessoas, em especial, neste momento gravíssimo, pelo qual passam todos os educadores”, declarou.
“Lembramos que a sentença judicial que proíbe a volta às aulas está vigente, e conforme a Convenção 155 da Organização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil é signatário, não é razoável, que o ambiente de trabalho possa ser causa de riscos aos trabalhadores”, prossegue a direção do sindicato.
O JP também ouviu a professora Claudia Rosa, que falou em nome da comissão de funcionários da educação. “Nós entendemos que se as pessoas que podem oferecer serviço remoto, fazê-lo, estaremos protegendo os profissionais da saúde, dos supermercados, guardas de trânsito, motoristas entre outros, que não podem oferecer esse tipo de serviço”, declara em nota.
“Além de diminuirmos a circulação do Covid-19 e suas variantes, ainda cedemos leitos para atendimentos humanizados a todos. Reconhecemos ainda que nos outros espaços as pessoas não param para tomarem refeições e nem ficam tanto tempo como acontece na escola, o que potencializa ainda mais a transmissão”, prossegue.
No último dia 30 de abril, a comissão enviou um ofício à Secretaria Municipal de Educação pedindo o retorno presencial somente com toda a comunidade escolar vacinada, além de outros itens de segurança.