Profissionais da Educação protestam na Prefeitura por melhorias para a categoria

Profissionais protestaram na Prefeitura na manhã da última segunda-feira (Foto: Divulgação)

Na última segunda-feira (07), os auxiliares e monitores da educação básica do município de Itu realizam uma paralisação. Aproximadamente 70% dos profissionais aderiram à manifestação, que teve como objetivo melhorias para a categoria.

Em janeiro, um documento enviado para a Prefeitura solicitava  entre outras coisas, um reajuste salarial de R$ 1100,00 para R$1800,00; correto enquadramento de todos os auxiliares de monitor da educação básica para que os que possuem formação de nível superior comprovada recebam salário igual ao monitor de educação básica; percentual em seu salário como forma de reconhecimento e valorização de seu trabalho; e aumento do valor do cartão alimentação de R$ 355,00 para R$ 500,00.

Além disso, os manifestantes reclamam também da falta de profissionais para a quantidade de crianças nas salas. “O que acontece é que ganhamos menos que um salário mínimo, trabalhamos com crianças, inclusive crianças especiais, e eles não possuem uma pessoa com conhecimentos/formação necessária para cuidar delas, além de trabalharmos em condições insalubres sem ganhar por isso”, comenta uma auxiliar que não quis se identificar.

Ela acrescenta. “As auxiliares ficam com aproximadamente 20 crianças sozinhas em sala, e quando uma colega precisa faltar por questões médicas, por exemplo, essa funcionária fica com duas salas. É desumano com as crianças por questão de não ter condições de dar a atenção devida para elas e também perigoso, correndo riscos de se machucarem”, alega.

“O que estamos pedindo principalmente é a mudança de nomenclatura [do cargo]. Estamos exaustas, e nem um salário digno recebemos, e trabalhamos oito horas diárias. Não seguimos os calendários das professoras: enquanto elas têm recesso, nós trabalhamos direto. A gente faz o melhor com as condições que a gente tem, mas não estão dando condições para continuar”, desabafa.

Na última quinta-feira (03), foi realizada uma reunião entre o secretário municipal da Educação, Plínio Bernardi Júnior, a secretária adjunta da pasta, Silvia Sório, e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Itu (SISMI), José Flamínio Leme. De acordo com nota oficial, “a pauta do encontro foi a valorização do quadro de profissionais da referida Secretaria e estudos que já estão sendo realizados para a efetivação de uma reforma administrativa abrangente, com previsão para este ano.”

“Para o caso específico da função de auxiliar de monitor, o número de candidatos aprovados, não foi o suficiente para ocupar as vagas disponíveis (dos 262 inscritos, apenas 14 foram aprovados) e providências serão tomadas para recompor o quadro. É importante ressaltar que, de 28 de maio de 2020 até o dia 31 de dezembro de 2021, as contratações de novos servidores, as negociações salariais e os direitos sociais, foram suspensos seguindo determinação de Lei Complementar 173/20 que estabeleceu o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus”, prossegue nota.

“A data-base do servidor ocorre no mês de abril e as reposições serão feitas. Em paralelo, um grupo de trabalho foi criado para discutir e elaborar propostas com vistas à reforma administrativa, que trará melhorias para a classe. Isso será feito o mais rápido que pudermos, mas de acordo com a velocidade permitida pelo setor público, uma vez que temos que respeitar a legislação vigente”, destacou o secretário municipal de Educação”, complementa.

Advogada fala

O Periscópio esteve em contato com a advogada representante dos manifestantes. À reportagem, a Dra. Luciana Castelli Panini disse que “como a nota oficial não disse nada com nada, elas resolveram paralisar na parte da manhã pra pedir maiores esclarecimentos, para ver se o prefeito de manifestava, porém não foi o que ocorreu”.

“Ele [o prefeito Guilherme Gazzola] fala que essa manifestação das monitoras e auxiliares de creche é de abandono às crianças, mas não, as crianças ficaram nas creches, as creches ficaram funcionando com capacidade menor para não ficar nenhuma criança desamparada”, destaca a profissional.

“Elas não fizeram nada ilegal, porém, ao adentrar no auditório, elas tiveram que mostrar documentação, que era para dar baixa na listagem deles e a reunião não demorou nem cinco minutos. Ele [prefeito] não deixou ninguém falar”, complementa.

Sindicato fala

O JP contatou o SISMI, que por meio de nota enviada por seu presidente, José Flamínio Leme, informa que “a deliberação da paralisação das atividades de hoje [segunda-feira] não passou pelo sindicato, tão pouco fomos informados, senão por postagens em redes sociais”.

“Na semana passada, em reunião com a SME, abrimos um canal com o secretário Plínio Bernardi Jr. para que juntamente com o sindicato uma comissão das servidoras paralisadas fosse recebida, não aceitaram, pois, como disse, os contatos foram apenas eletrônicos, portanto, toda retaguarda jurídica necessária para possíveis ações do empregador serão recepcionadas pelo nosso departamento jurídico para associadas a entidade sindical”, acrescenta Leme.

“Estamos em negociação coletiva da data base que é abril, a pauta de reivindicações coletivas  será apresentada ao empregador ainda em março”, complementa. A reportagem questionou também o Sindicato dos Trabalhadores na Educação Municipal de Itu (SINTEMI), mas não obteve um retorno até o fechamento desta edição.

Prefeitura fala

Por meio de nota, a Prefeitura informou que “o prefeito atendeu monitores e auxiliares que estiveram no auditório da Secretaria da Educação insistindo nas reivindicações já elucidadas pela nota oficial feita em parceria com o SISMI e enviada à imprensa na semana passada. O posicionamento da gestão permanece o mesmo”.

“Cabe mencionar que os servidores participantes do ato que se ausentaram em horário de trabalho terão considerada falta injustificada, já que não está caracterizada como greve ou paralisação, uma vez que não houve aviso com 72 horas de antecedência e inexiste representatividade sindical, bem como trata-se de serviço público essencial”, conclui.