Qualidade da água melhora em trecho do Rio Tietê entre Itu e Laranjal Paulista

Trecho ituano do Rio Tietê em junho do ano passado, mais precisamente na altura da barragem conhecida como Porto de Areia – Foto: Arquivo/Moura Nápoli

Hoje (22) é o Dia do Tietê, quando se celebra o maior rio do estado – que corta São Paulo de leste a oeste por 1.100 km, desde sua nascente em Salesópolis, até a foz no Rio Paraná, em Itapura. Ontem (21), dados do projeto Observando os Rios, da Fundação SOS Mata Atlântica, a partir das análises feitas no último ano por 1.730 voluntários, mostraram informações importantes a respeito do rio.

Apesar de uma redução de 8 km na mancha de poluição comparado com o ano anterior, o trecho de 122 km mais contaminado do Tietê representa 11% da extensão do rio, ou seja, está 51 km maior que a marca histórica de 71 km, alcançada em 2014. A pior qualidade do rio, onde ele pode ser considerado morto, fica entre Itaquaquecetuba e Cabreúva, com água em condições péssima e ruim.

A redução de 8 km de rio morto, que recuperou condições de qualidade da água em relação ao ciclo anterior (de setembro de 2016 a agosto de 2017), é reflexo das 8 toneladas de esgotos que deixaram de ser lançadas, diariamente, sem tratamento nos rios afluentes do Tietê. Isso por conta da ampliação da Estação de Tratamento de Esgotos de Barueri, que passou a tratar 12 metros cúbicos por segundo (m³/s) de esgotos, o que corresponde ao volume gerado por 5,8 milhões de pessoas. Até 2017, essa ETE tratava 9 m³/s de esgoto. O aumento na remoção de esgoto bruto que deixou de ser lançado no rio trouxe melhoria à qualidade da água no trecho entre as cidades de Itu e Laranjal Paulista, elevando a média do Índice de Qualidade da Água (IQA) para regular.

“Cada ação que é feita para despoluir o rio Tietê traz um resultado direto na mancha de poluição do rio. Mas, infelizmente, estamos correndo atrás do prejuízo. Essa mancha era de 71 km em 2014, quando houve redução nos investimentos no projeto por conta da crise hídrica. Se quiser contribuir para a despoluição do Tietê, o próximo governador de São Paulo precisa retomar o ritmo de investimento no projeto, que tem previsão de mais três etapas, para os próximos 20 anos”, afirma Malu Ribeiro, especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica.

As análises foram feitas em 83 corpos d’água de 32 municípios das bacias hidrográficas do Alto e Médio Tietê e Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Dos 112 pontos de coleta, 71 (63,4%) apresentaram condição de água regular, ou seja, no limite dos padrões definidos na legislação para usos menos restritivos – como recreação, irrigação de culturas, navegação e abastecimento público mediante tratamento avançado.

A condição de rio morto, altamente poluído com índices de qualidade de água péssima e ruim, foi obtida em 35 (31,2%) dos pontos de coleta monitorados mensalmente. Nenhum ponto analisado apresentou água considerada ótima e apenas 6 (5,4%) têm água boa. Os melhores indicadores foram obtidos nas bacias do Rio Tietê no trecho metropolitano de cabeceira e de mananciais.

 

Despoluição do Tietê

Os dados da Fundação SOS Mata Atlântica também trazem uma análise da evolução de impacto do projeto de despoluição do Rio Tietê ao longo da Terceira Etapa. Prestes a entrar em sua quarta etapa, o projeto trouxe resultados significativos até 2014, quando a mancha estava contida em 71 km. Com a crise hídrica em São Paulo, investimentos para despoluição foram reduzidos, o que impactou diretamente no aumento da mancha de rio morto, que mais do que dobrou no ano seguinte e agora chega a 122 km.

Para as Eleições 2018, a SOS Mata Atlântica lançou um conjunto de metas para os próximos governantes. Entre elas, o aprimoramento da norma que trata do enquadramento dos corpos d‘água, excluindo os rios de classe 4 da legislação brasileira – na prática, segundo a fundação, essa classe permite a existência de rios mortos, pois admite a existência de rios sem limites de diluição de poluentes.

Segundo Malu, é possível despoluir o rio Tietê antes do prazo do projeto. “Mas, para isso, precisamos do compromisso de todos, com a despoluição de todos os córregos e afluentes do Tietê, com avanços no tratamento de esgoto em todas as cidades da bacia“, destaca a especialista.